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Marcelo: "Somos portugueses. Como sempre, triunfaremos"
O Presidente da República fez esta sexta-feira o seu primeiro discurso no dia 10 de Junho. Foi uma intervenção em que exaltou os feitos dos portugueses e em que recordou que, nos momentos de crise, o povo "assumiu sempre o papel determinante".
Foi com uma nota de optimismo que Marcelo Rebelo de Sousa terminou o seu discurso do 10 de Junho, um discurso em que evitou abordar temas políticos ou de actualidade e em que preferiu passar em retrospectiva alguns dos principais feitos do povo português, que foi o centro da sua intervenção. "Somos portugueses. Como sempre, triunfaremos", resumiu o Presidente, assinalando que as dificuldades têm marcado a história portuguesa, mas que isso nunca impediu Portugal de ser bem-sucedido.
Marcelo Rebelo de Sousa caracterizou, em traços elogiosos, o povo português, um povo que "não vacila, não trai, não se conforma, não desiste". "A sabedoria, hoje como há nove séculos, reside no povo. Portugal avançou e cresceu sempre que as elites souberam interpretar a vontade popular" e "o guiaram em comunhão plena", recordou o Presidente. E foi assim que "ao longo dos séculos se foi construindo e consolidando a identidade nacional".
Marcelo Rebelo de Sousa esteve acompanhado, na tribuna, pelo primeiro-ministro António Costa, pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que é a segunda figura do Estado, e por representantes dos partidos políticos, entre os quais Pedro Passos Coelho, do PSD. Marcelo passou as forças armadas em revista, condecorou seis militares e assistiu ao desfile dos vários ramos do Exército.
O Presidente não deixou de traçar, de forma implícita, o paralelo com os momentos mais difíceis do passado. "E nos momentos de crise, quando a pátria é posta à prova, é sempre o povo que assume o papel determinante", notou. "Foi o povo, armado e não armado, que nos deu a possibilidade de estarmos aqui hoje a celebrar Portugal". Alguns exemplos históricos: "Foi o povo, a arraia-miúda, quem valeu ao Mestre de Avis, foi o povo quem não se vergou durante 60 anos até chegar o 1º de Dezembro [durante a regência espanhola], foi o povo quem fez frente às invasões no século XIX [francesas], foi o povo quem sonhou, lutou e persistiu na busca de um futuro melhor".
Tem sido, pois, "o povo, sempre o povo a lutar por Portugal", mesmo "quando algumas elites nos falharam" em troca de "prebendas vantajosas, títulos pomposos, auto-contemplações deslumbradas". "O povo é o garante do nosso desenvolvimento económico, do progresso, da reconfiguração de Portugal como país de raiz europeia, como plataforma entre continentes, culturas e civilizações. É esse povo que hoje, aqui e em França, queremos celebrar", realçou Marcelo.
Do Terreiro do Paço para o mundo
O Presidente usou depois o Terreiro do Paço como metáfora da capacidade de regeneração dos portugueses. "O nosso cosmopolitismo, para não dizer o nosso universalismo, começou aqui. E foi aqui que a nossa independência foi perdida e recuperada. Foi aqui também que demos prova de que somos capazes: novamente, e a partir do nada, construímos, reerguemos, Lisboa renasceu e esta bela praça tornou-se uma das mais belas da Europa", congratulou-se. "Mostrámos de que fibra somos feitos e do que somos capazes".
E é do Terreiro do Paço que a história se voltará a reescrever, novamente numa nota de optimismo a fazer lembrar aquele que caracteriza António Costa. "Hoje, desta mesma praça que é símbolo maior do nosso imaginário colectivo, partimos uma vez mais rumo ao futuro. Somos portugueses, como sempre triunfaremos".
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa vão deslocar-se para Paris por via aérea, para continuar as cerimónias do 10 de Junho. Às 18:15, o Presidente da República vai encontrar-se com o seu homólogo francês, François Hollande, e com o primeiro-ministro Manuel Valls, no palácio do Eliseu, em Paris. Depois, às 19:00, vão decorrer as cerimónias oficiais de celebração do 10 de Junho na capital francesa, nas quais vão intervir a presidente da câmara parisiense e François Hollande, bem como o próprio Marcelo Rebelo de Sousa. António Costa também vai marcar presença nestas comemorações.
Será nessa ocasião que Marcelo vai condecorar quatro portugueses, entre os quais duas portuguesas que ajudaram a salvar dezenas de pessoas que fugiam do Bataclan, quando este foi atacado por terroristas em Novembro do ano passado.