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Marcelo promulga lei das quotas nas empresas cotadas

Em causa está a legislação que prevê que a percentagem de mulheres em orgãos de administração e fiscalização de empresas cotadas seja de 20% em 2018 e de 33% em 2020. Sanções serão bem mais leves do que o inicialmente previsto.

O Presidente da República recordou o antigo chefe de Estado Mário Soares, acima de tudo, como um 'lutador da liberdade', e defendeu que Portugal tem o dever de combater pela 'imortalidade do seu legado'. Numa declaração de cerca de quatro minutos, lida na Sala das Bicas do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que 'Mário Soares nasceu e formou-se para ser um lutador e para ter uma causa para a sua luta: a liberdade', e considerou que esse foi 'o penúltimo combate' que travou. 
'Resta a Mário Soares, como inspirador, travar o derradeiro combate, aquele em que estamos e estaremos todos com ele: o combate pela duradoura liberdade com justiça na nossa pátria comum, que o mesmo é dizer, o combate da imortalidade do seu legado, um combate que iremos vencer, porque dele nunca desistiremos, tal como Mário Soares nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre. E, no que era decisivo, ele foi sempre vencedor', acrescentou.
'Travado o seu penúltimo combate, partiu do nosso convívio de todos os dias o Presidente Mário Soares', declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início da sua intervenção.
De gravata preta, o Presidente da República relembrou momentos marcantes da vida política de Mário Soares, dizendo que, 'como toda a personalidade de eleição, conheceu a glória e o revés, os amores e os desamores de cada instante', e lembrando também que teve ao seu lado 'Maria de Jesus Barroso, sua mulher e sua companheira de luta', que morreu em 2015.
'Há imagens únicas que ninguém esquecerá: a presença corajosa ao lado de Humberto Delgado, a resistência a partir do exílio, a chegada a Santa Apolónia, o discurso na Fonte Luminosa, o debate com Álvaro Cunhal, a disponibilidade para servir como primeiro-ministro em duas crises financeiras graves, a tenacidade no termo da primeira volta das presidenciais de 86, o calor irrepetível no encontro com os portugueses nas presidências abertas, a alegria no diálogo com as gentes da cultura, o sonho de um Timor-Leste independente, a presença na manifestação contra intervenção no Iraque', referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou, acima de tudo, o antigo chefe de Estado, como um lutador pela liberdade, em Portugal, na Europa e no mundo: 'Foi em homenagem à liberdade que se viu perseguido, preso e deportado, e viveu no exílio até 1974. Que por ela se bateu durante os conturbados anos da revolução. Que liderou um partido, fez ouvir a sua voz nos parlamentos, português e europeu, chefiou vários governos, presidiu aos destinos da pátria'.
'Mas foi sobretudo como lutador da liberdade que se revelou determinante a criar a nossa democracia, a votar a nossa Constituição, a ver a lusofonia como comunidade de Estados soberanos e irmãos, a pedir a adesão às Comunidades Europeias e a subscrevê-las, sonhando com uma Europa das pessoas e da solidariedade. A abrir a nossa diplomacia ao mundo, a condenar as violações dos direitos humanos e as intolerâncias internacionais. A defender a igualdade que permitisse a verdadeira liberdade, num quadro de um socialismo democrático', completou.
Bruno Simão
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Terá sido "um dia feliz" para Marcelo Rebelo de Sousa, que promulgou as quotas nas empresas cotadas. Em causa está o regime que prevê uma representação mais equilibrada entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas cotadas mas que, depois das negociações no Parlamento, atenuou muito consideravelmente as penas para as empresas que não cumpram.

"O novo regime legal corresponde a medidas tomadas em vários outros países da União Europeia, com resultados significativos num maior equilíbrio de género nos órgãos de gestão de empresas, e traduz orientação há muito preconizada pelo Presidente da República", começa por referir a nota publicada no site da Presidência.

"Apesar de se poder invocar poder haver uma excessiva intervenção e voluntarismo do Estado e de eventuais objecções de técnica jurídica quanto a remissões entre preceitos, o Presidente da República promulgou o diploma da Assembleia da República que aprova o regime da representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração e fiscalização das entidades do sector público empresarial e das empresas cotadas em bolsa", conclui o comunicado.

 

O objectivo é que a proporção de pessoas de cada sexo designadas para cada órgão de administração e de fiscalização das empresas cotadas em bolsa não seja inferior a 20% em 2018 e a 33,3% em 2020, em novos mandatos.

Inicialmente estava previsto que as empresas ficassem sujeitas a uma multa correspondente "ao total de um mês de remunerações do órgão de administração ou de fiscalização por cada semestre de incumprimento", sanção que ia duplicando o seu valor.

Governo cedeu na especialidade 

Mas com o PCP a votar contra e o PSD a ameaçar fazer o mesmo o PS e o Bloco começaram a negociar o alívio das sanções com o CDS.

 

Na versão aprovada na especialidade a multa é adiada em pelo menos um ano e o valor é substancialmente reduzido.

 

Isto porque depois de uma primeira "repreensão" pública, as empresas ainda têm 360 dias para corrigir o incumprimento.

 

Além disso, a sanção que se aplica, depois de uma audiência prévia, passa a ser "não superior" a "um mês de remunerações do respectivo órgão de administração ou de fiscalização, por cada semestre de incumprimento". Na prática, como reconheceram ao Negócios as deputadas que negociaram a alteração, a sanção pode ser de um euro.

No sector empresarial, as quotas mantêm-se nos 33,3% em 2018, com um prazo de 90 dias para corrigir as designações.

 

O diploma foi aprovado com a abstenção do PSD, a oposição dos comunistas e sete votos favoráveis do CDS, incluindo o de Assunção Cristas.

 

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