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Marcelo: Portugal mudou de mentalidade sobre o défice, a dívida, o crescimento

O Presidente da República sustentou que nos últimos cinco anos houve uma "mudança de mentalidade" em Portugal e criaram-se consensos de regime implícitos sobre o défice, a dívida e o crescimento económico.

Marcelo goza de enorme popularidade também entre os trabalhadores do Super Bock Group.
Paulo Duarte
20 de Dezembro de 2017 às 15:33
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Marcelo Rebelo de Sousa falava no Palácio da Cidadela, em Cascais, durante o encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, associação constituída em 2012, com o alto patrocínio do anterior Presidente da República, Cavaco Silva, destinada a institucionalizar uma rede de contactos entre portugueses com posições de destaque no estrangeiro.

 

Dirigindo-se aos conselheiros e dirigentes desta associação, o chefe de Estado afirmou que "Portugal mudou e mudou muito" nos cinco anos que passaram desde 2012.

 

"As pessoas não têm a noção. Eu espero que quem esteja de fora tenha aquele distanciamento que quem está no meio da floresta não vê. Mudou muito, [Portugal] conseguiu fazer consensos de regime mesmo que só implícitos", prosseguiu, dando um exemplo: "Há cinco ou seis anos, interiorizar que controlar o défice do Estado era uma prioridade nacional era falar nalguns países europeus, a começar na Alemanha".

 

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o défice "era um tema polémico" em Portugal, mas, entretanto, foi "interiorizado como algo que já não se debate na vida política e quando se debate é ao nível de 0,1, 0,2".

 

Segundo o Presidente, "uma segunda mudança cultural que está em curso é perceber-se que o desendividamento é fundamental" e deixar-se de "colocar em questão toda a dívida pública encontrando uma forma airosa de a discutir para a não pagar". No seu entender, "isto mudou em Portugal".

 

Além disso, "mudou a exigência de crescimento, a começar pelo Presidente da República, responsável por falar em metas, porventura muito elevadas", acrescentou.

 

"Isto não é só uma mudança de léxico, é uma mudança de mentalidade, que está para ficar, qualquer que seja o Governo, qualquer que seja a solução - está para ficar e é bom que esteja para ficar", sustentou.

 

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que esta "mudança de mentalidade" acompanha "uma revolução silenciosa" no mundo empresarial português, "que começou pelos empresários, micro, pequenos, médios empresários que se lançaram à vida" durante o recente período de crise e foram "operar noutros mercados".

 

O Presidente da República disse que se criaram em Portugal "realidades empresariais únicas, que se multiplicaram, na novíssima geração" e que tiveram na Web Summit "um corolário".

 

"Houve uma reconversão", considerou, apontando a diplomacia económica como "outro caso de consenso de regime, não explicitado, nem assumido".

 

O Conselho da Diáspora Portuguesa tem como presidente honorário o chefe de Estado e, atualmente, a sua direção é presidida pelo empresário Filipe de Botton e o ex-primeiro ministro e antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso é presidente da Mesa do Conselho da Diáspora.

 

No encontro de hoje, estiveram vários membros do Governo, incluindo os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e também esteve presente, como convidada, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas.

 

No final do seu discurso, o Presidente da República expressou o seu apoio "muito firme" a esta associação e salientou o facto de ter nomeado para membro do Conselho de Estado "um conselheiro da diáspora", António Damásio.

 

"Foi um sinal que, no futuro, tem de ser alargado e deve ser alargado", declarou.

 

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