Notícia
Marcelo não recua e reitera discordância com Centeno
Numa altura em que surgiam notícias a dar conta de um alegado pedido de desculpas feito pelo Presidente da República ao ministro das Finanças, Marcelo publicou uma nota em que reafirma a discordância com Centeno.
Curto e grosso, foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa reagiu às notícias que davam conta de que havia telefonado a Mário Centeno para lhe pedir desculpa e esclarecer um alegado "equívoco" na declaração ontem feita pelo Presidente da República. Marcelo publicou uma breve nota no site da presidência da República em que reafirma a discordância com Centeno e em que desmente ter abordado "questões internas do Governo".
"O Presidente da República reitera a sua posição, ontem expressa, segundo a qual não é indiferente, em termos políticos, o Estado cumprir o que tem a cumprir em matéria de compromissos num banco, depois de conhecidas as conclusões da auditoria cobrindo o período de 2018, que ele próprio tinha pedido há um ano, conclusões anunciadas para este mês de maio, ou antes desse conhecimento", escreve Marcelo Rebelo de Sousa.
Ou seja, o Presidente mantém a divergência ontem publicamente expressa, quando criticou o ministro das Finanças por ter autorizado a transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco sem que fosse conhecida a auditoria à instituição. E salienta que tal decisão comporta especial gravidade "nestes tempos de acrescentados sacrifícios para os portugueses".
De seguida, Marcelo refere ter dito isso mesmo nas conversas mantidas sobre o assunto tanto com o primeiro-ministro como com o ministro das Finanças. A conversa telefónica com Centeno, apurou o Negócios, decorreu já noite dentro e depois da reunião de São Bento entre Costa e o ministro.
"Isto mesmo transmitiu ao senhor primeiro-ministro e ao senhor ministro das Finanças. O Presidente da República não se pronunciou, nem tinha de se pronunciar, sobre questões internas do Governo, nomeadamente o que é matéria de competência do primeiro-ministro, a saber a confiança política nos membros do Governo a que preside", remata a nota presidencial.
No entanto, Rebelo de Sousa insiste na discordância com o ministro das Finanças por este ter autorizado transferir aquela verba avultada num contexto socio-económico difícil como aquele que o país atravessa.
Pelo seu lado, Mário Centeno defende que a transferência em causa decorre do contrato de venda do Novo Banco à Lone Star e que a mesma estava já prevista no Orçamento do Estado para 2020, promulgado em março pelo Presidente da República. Centeno quer demonstrar desta forma que tem argumentos técnicos e jurídicos do seu lado.
No encontro da última noite entre Costa e Centeno ficou acordado que o ministro continuará meramente a prazo no Governo, pelo menos até à aprovação do orçamento retificativo que deverá chegar ao Parlamento em junho. Entretanto, ao Expresso, o ministro das Finanças deu garantias de que "a crise está ultrapassada".
Superada ou não a crise, a pressão política mantém-se e Rui Rio, presidente do PSD, já defendeu novamente a saída de Centeno do Governo.