Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Marcelo pressiona Rio para ter "bom senso" e viabilizar o orçamento

O Presidente da República elevou a pressão para que o líder do PSD não inviabilize o orçamento para o próximo ano se o Governo não puder contar com o apoio da esquerda. Em plena pandemia e à beira de Portugal assumir a presidência da UE, Marcelo pergunta se "é nesta altura que se vai provocar uma crise política".

Lusa
25 de Setembro de 2020 às 18:20
  • ...
Depois de esta semana ter considerado "natural" que o Governo queira aprovar o Orçamento do Estado para 2021 com os antigos parceiros da geringonça, o Presidente da República carregou na pressão sobre Rui Rio para que, se António Costa não conseguir contar com o apoio da esquerda, o presidente do PSD tenha o "bom senso" de viabilizar as contas para o próximo ano e de não provocar uma crise política num momento tão sensível quanto o atual. 

Em declarações feitas a partir de São Brás de Alportel, Algarve, e reproduzidas pela SIC Notícias, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu na pressão sobre o líder social-democrata e pegou no seu próprio exemplo de quando era ele o presidente do PSD para defender que Rui Rio deve assegurar a estabilidade viabilizando o orçamento se tal for necessário. 

"Não me passa pela cabeça que o orçamento seja chumbado. Aliás, por muito menos do que isso eu viabilizei três orçamentos do primeiro-ministro António Guterres. E com o meu partido, uma parte dele sublevado, a não gostar nada, a protestar", argumentou acrescentando que se trata somente de uma questão de "bom senso".

Prosseguindo num tom crítico, Marcelo defendeu haver "um limite" para "aquilo que é próprio da democracia, que é a livre escolha dos partidos e dos políticos". O Presidente recorreu depois à gravidade da circunstância em que o país se encontra dada a pandemia e a crise económica e social e lembrou a importância de aproveitar bem a bazuca de fundos comunitários que aí vem e a presidência da União Europeia que o Portugal assume a 1 de janeiro próximo para deixar uma pergunta: "Para mim é óbvio que o orçamento tem de ser aprovado. Não me passa pela cabeça outra coisa. É nesta altura que se vai provocar uma crise política", questionou.

O chefe de Estado disse ainda que tal crise seria tão mais inexplicável tendo em conta que aconteceria "quando o Presidente nem pode dissolver a Assembleia da República", nem convocar eleições, dada a proximidade das eleições presidenciais (devem decorrer no terceiro ou quarto domingo de janeiro que vem).


Apesar do reforço da pressão em cima de Rio, o Presidente da República repetiu uma ideia já defendida no início da semana e que passa pelo facto de Marcelo considerar que o "mais natural" seja ser a esquerda a aprovar o orçamento para o próximo ano, pois foram esses os partidos com quem o Executivo governou na anterior legislatura.


"O que é normal é que haja um Governo apoiado pela esquerda, é o que é normal desde as eleições. Mas no caso do orçamento, se não for possível haver esse apoio natural à esquerda, a oposição que ambiciona ser Governo pensará o que eu pensei como líder da oposição na altura", insistiu considerando que Rui Rio deve privilegiar o tantas vezes proclamado "interesse nacional" mesmo que isso deixe eleitores sociais-democratas "tristes".

PCP admite votar contra, Bloco desdramatiza
Numa altura em que o primeiro-ministro, António Costa, procura reunir consensos em torno do programa de recuperação económica a financiar por dinheiros comunitários, Bloco de Esquerda e PCP têm feito questão de separar a discussão sobre o Plano de Recuperação e Resiliência das negociações em curso relativas ao orçamento, pois consideram que esta última é a mais urgente para responder aos problemas imediatos. António Costa já disse querer aprovar o orçamento com os antigos aliados.

Sobre o assunto, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, em entrevista à Antena1, notou que a discussão do orçamento é sobre "opções" e avisou que os comunistas votarão contra um orçamento que seja a "repetição do mais do mesmo". E já esta sexta-feira, em entrevista ao Observador, o deputado e dirigente bloquista, José Manuel Pureza, desdramatizou um cenário de não acordo no orçamento dizendo que "não há problema" pois o país poderia perfeitamente ser governado em "duodécimos".

Uma sondagem recente da Intercampus para o Negócios e o CM/CMTV deixava claro que os portugueses se opõem à abertura de uma crise política a propósito do Orçamento do Estado para 2021.

(Notícia atualizada)

Ver comentários
Saber mais Marcelo Rebelo de Sousa Rui Rio Presidente da República PSD Governo Orçamento do Estado para 2021 Bloco PCP
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio