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Marcelo diz que é preciso “cortar os ramos mortos que atingem a árvore toda”

Com o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a ouvi-lo na plateia, o Presidente da República disse: “Só se não quisermos é que o nosso Portugal não será eterno.”

Presidente da República diz que optou por não adiar as expectativas de oito mil professores.
Pedro Nunes/Reuters
10 de Junho de 2023 às 12:43
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O Presidente da República considerou hoje necessário "cortar os ramos mortos que atingem a árvore toda", advertindo que, só se não se quiser, é que "Portugal não será eterno".

 

No seu discurso na cerimónia militar do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que está a decorrer no Peso da Régua, Marcelo Rebelo de Sousa pegou na vocação universalista do país e na luta da região do Douro para se projetar para deixar alguns recados, numa altura em que a política portuguesa continua envolvida na polémica em torno do incidente no Ministério das Infraestruturas e no envolvimento do SIS na recuperação de um computador de um adjunto do ministro João Galamba.

 

O chefe de Estado considerou que o país não quer "nunca cometer o erro" de trocar a sua vocação universal pela ilusão de que, para ser feliz, é necessário deixar de ser o que o marcou "há séculos".

 

"Mas atenção, que isso não seja álibi ou justificação para não sermos mais fortes e mais justos cá dentro, até para podermos ser mais fortes e justos lá fora", frisou.

 

Segundo o chefe de Estado, "é esse o apelo deste Douro e de todos os Douros": "Pegarmos no impossível, tentarmos uma vez, com vezes, mil vezes, falharmos mais do que acertamos, (...) não desistirmos, começarmos de novo".

 

"Darmos de novo viço ao que disso precisar. Plantarmos, semearmos, podarmos, cortarmos os ramos mortos que atingem a árvore toda. Recriarmos juntos, neste Douro, em todos os nossos Douros, o que faça o nosso futuro muito diferente e muito melhor do que o nosso presente", declarou, sem nunca mencionar diretamente qualquer caso político atual.

 

Com o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a ouvi-lo na plateia, o Presidente da República disse: "Só se não quisermos é que o nosso Portugal não será eterno".

 

Neste discurso, de pouco mais de 15 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que o 10 de Junho deste ano é "muito diferente dos últimos" por ser comemorado no Peso da Régua, uma "cidade do interior, que nunca foi nem capital de distrito, nem cabeça de diocese".

 

"É o retrato do Portugal que queremos, porque nós queremos que os Pesos das Réguas dos nossos interiores sejam tão importantes quanto as Lisboas, os Portos, os Setúbais, as Coimbras, os Aveiros, as Vianas do Castelo, os Faros deste nosso continente e, claro, os Funchais, os Portos Santos, as Pontas Delgadas, as Angras do Heroísmo, as Hortas, os São Jorges, as Madalenas, as Santas Marias, as Graciosas, as Flores e os Corvos", elencou.

 

Por outro lado, o chefe de Estado salientou também que este 10 Junho une 19 municípios, "como que a dizer que só a união faz a força, a união na diversidade, mas a união em torno daquilo que é mesmo essencial para todos eles" e para todos os portugueses.

 

Marcelo Rebelo de Sousa destacou que o Douro "será sempre um exemplo da vontade, da persistência, da determinação dos homens e das mulheres perante uma natureza única, mas avassaladora, inclemente, quase indomável".

 

Para o Presidente da República, o vinho do Douro "projetou Portugal no mundo e continua a projetar", numa altura em que o "crescimento e a justiça social" que o país ambiciona "se fazem de investimento, de exportações de bens, como esse vinho de excelência, e também de exportações de serviços".

 

"Só somos verdadeiramente portugueses na medida em que sempre fomos e somos universais, mas sempre disponíveis para a solidariedade em relação aos outros", disse.

 

Neste ponto, o chefe de Estado abordou o caso de Manuel Ponte, o português que, esta quinta-feira, ajudou a impedir um atacante de fugir à polícia num parque infantil em Annecy, nos Alpes Franceses, para salientar que, esse cidadão, com mais de 70 anos, "fez aquilo que outros, com menos de 70 anos de idade, não fizeram".

 

"Partimos há mais de seis séculos e nunca deixámos de ir e de vir, de largar e de voltar, por pobreza, por aventura, por desejo de horizontes mais largos, por sobrevivência, algumas vezes, tantas vezes, convertida em realização e de entender, ao mesmo tempo, que temos de receber outros, tal como exigimos que eles nos recebam a nós", disse.

 

O Presidente da República acrescentou ainda que o Douro, que está "de novo navegável, e tantos velhos do Restelo não acreditavam, está hoje aqui no seu potencial, contribuindo para o desenvolvimento da região e o bem-estar dos seus habitantes".

 

"Obras fundamentais que fizemos e outras que não fizemos e continuamos a adiar", frisou.

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