Notícia
Manuel Alegre exige que sejam retiradas consequências no caso Centeno
Em entrevista à Antena 1, o histórico socialista mostrou-se preocupado com o caso em torno do ministro Mário Centeno e defendeu que "aquilo não devia ficar sem consequências".
Manuel Alegre defende que a investigação do Ministério Público ao ministro das Finanças por alegado crime de recebimento indevido de vantagem "não pode ficar sem consequências". Em entrevista concedida à Antena 1, o histórico socialista considera que "aquela coisa do [Mário] Centeno preocupou-me muito porque é uma provocação, é um desafio, uma coisa totalmente inadmissível".
"O que é que se pretende com aquilo?", questiona o antigo deputado do PS e candidato presidencial que deixa outra pergunta: "quem é que controla os controladores, quem é que investiga os investigadores?".
"Aquilo não devia ficar sem consequências", insiste. A esta afirmação a jornalista Maria Flor Pedroso contrapôs que vai ficar sem consequências porque o caso já foi arquivado pelo Ministério Público. "Isso é mau", retorquiu Alegre.
"Isto já não tem nada a ver com a Justiça nem com o Estado de Direito. Isto é contra o Estado de Direito, contra a democracia, é contra um sentido democrático da aplicação da Justiça, onde as pessoas têm direitos e onde as regras devem ser respeitadas", sustentou.
O já vencedor do Prémio Camões (2017) considera que há um conjunto de instituições que deveriam ter agido na sequência da polémica que atingiu o nome de Centeno, actual presidente do Eurogrupo, nomeando "o Presidente da República, a Assembleia da República, o Conselho Superior da Magistratura e no Ministério Público também há quem possa agir".
Manuel Alegre defendeu ainda que "o político que é eleito não é um criminoso, não é potencialmente um criminoso".
Mário Centeno viu-se envolvido numa investigação do MP a suspeitas de favorecimento a uma empresa detida pelo filho de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, que levou a buscas realizadas no Ministério das Finanças. Em causa estava um suposto favorecimento de Centeno ao filho de Vieira em troca de dois bilhetes para assistir ao jogo entre o Benfica e o Porto, um pedido feito pelo ministro que foi noticiado pelo Observador.
No entanto, a decisão de conceder a isenção fiscal em causa (IMI) cabe aos municípios e não ao Ministério das Finanças, razão que levou o MP a arquivar o inquérito ao caso Centeno.
O militante socialista também abordou o tema relacionado com a poluição no Tejo e a empresa Celtejo, empresa que se encontra com a actividade limitada durante 60 dias.
"O Tejo é vital", diz Alegre para quem "entre o Tejo e uma empresa que comete aquilo, tem que se escolher o Tejo". "Tem de haver a coragem de escolher o Tejo", acrescenta notando que "tem havido complacência" neste caso.