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Macron promete responder "à raiva" de quem votou em Marine Le Pen
O Presidente francês reeleito, Emmanuel Macron, prometeu este domingo responder "à raiva" de quem votou na extrema-direita, levando em conta "as suas dificuldades", assim como a quem votou nele para travar Marine Le Pen.
"A partir deste momento já não sou o candidato de um campo, sou o Presidente de todos. Sei que para muitos dos nossas compatriotas que hoje escolheram a extrema-direita, a raiva e o desacordo que os levaram a votar pela extrema-direita deve encontrar uma resposta. É essa a minha responsabilidade", disse Macron no seu discurso de vitória, em frente à Torre Eiffel, num ambiente longe da euforia de 2017.
O Presidente reeleito de França fez um curto discurso perante cerca de 1.000 apoiantes que vieram até ao Champ de Mars, os jardins em frente à Torre Eiffel, para agradecer a mobilização dos seus apoiantes, mas também para agradecer a todos os franceses que não o escolheram na primeira volta, mas lhe deram o voto hoje para erguer uma "barreira" contra Marine Le Pen.
"Sei também que um grande número dos nossos compatriotas votaram hoje por mim, não por me apoiarem, mas para fazerem barreira à extrema-direita. E quero dizer-vos que tenho consciência da minha dívida nos próximos anos", afirmou o Presidente francês.
Com mais de 70% dos votos apurados, Emmanuel Macron conta com 54% dos votos dos franceses, segundo o Ministério do Interior. Mesmo com uma vitória, o governante diz que os próximos cinco anos não serão uma continuação do seu mandato.
"Ninguém será deixado pelo caminho. Esta nova era não será a continuidade do mandato que acabou de terminar", assegurou o Presidente.
Estas palavras agradaram a Valérie, que veio esta noite até ao Champ de Mars festejar a vitória do Presidente, com a parisiense a considerar que Emmanuel Macron tem agora de dar resposta aos anseios de quem não votou nele.
"Ele tem de fazer alguma coisa. Nos Estados Unidos, depois de Obama, veio Trump. A extrema-direita é a nossa maior ameaça. Há cada vez mais pessoas que acreditam nas ideias de Marine Le Pen. É preciso fazer mais por essas pessoas", considerou Valérie.
Para Macron, os franceses fizeram a escolha por um projeto "humanista, europeu e ambicioso", mas entre os seus apoiantes, o aspeto mais importante a mudar no próximo mandato é mesmo a maneira como o Presidente fala com a população.
"Não acho que haja nada que ele deva mudar em termos de política, mas acho que deve mudar um pouco a perceção da sua personalidade, tem de parecer menos arrogante. Eu trabalhei de perto com ele e ele é muito simpático, uma pessoa acessível e nada protocolar", explicou Natasha, que trabalhou com o Presidente quando ele ainda era secretário-geral-adjunto de François Hollande.
Para esta francesa, o voto em Marine Le Pen foi "um voto de protesto", reunindo muita gente que, por exemplo, foi contra a vacinação da covid-19 ou estava ao lado de movimentos como os 'coletes amarelos'.
Mesmo com música de dança, a noite eleitoral de Macron decorreu sem a euforia de 2017, refletindo sobretudo o alívio da derrota da extrema-direita.
Junto à Torre Eiffel, os mais de 1.300 jornalistas presentes puderam assistir à chegada do Presidente ao som do Hino da Alegria, com a primeira-dama e dezenas de crianças, até ao último abraço de Macron aos seus apoiantes.