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Líder do Chega dá o dito por não dito e já admite viabilizar governo do PSD nos Açores

Depois de ter recusado qualquer acordo que permita à direita governar os Açores, André Ventura admite que os deputados eleitos pelo Chega para o parlamento dos Açores possam viabilizar um executivo liderado pelo PSD, mas recusou integrar esse eventual governo.

André Ventura, líder do Chega. Miguel Baltazar
31 de Outubro de 2020 às 18:12
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Na noite das eleições açorianas, a 25 de outubro, o líder nacional do Chega rejeitou qualquer acordo de coligação que permita à direita governar os Açores, depois de o PS ter perdido a maioria absoluta, lembrando que foi o PSD que se afastou do seu partido.

 

Nesse sentido, deixou críticas diretas ao líder do PSD, Rui Rio, que acusou de "se ter afastado do Chega" e de ter estado "sempre ao lado do Partido Socialista, sempre a dar a mão ao Governo, sempre a dar a mão aos interesses instalados".

 

"Amanhã ao almoço, quando estiverem todos sentados a definir um acordo de coligação, eu sei que partido não vai lá estar. Esse partido é o Chega", afirmou André Ventura, em reação aos resultados finais das eleições legislativas regionais.

 

Mas este sábado, 31 de outubro, Ventura já admitiu que os deputados eleitos pelo partido para o parlamento dos Açores possam viabilizar um executivo de direita, liderado pelo PSD, mas recusou integrar esse eventual governo.

Questionado, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias (DN), sobre se os dois deputados do Chega eleitos para o parlamento açoriano poderão viabilizar um executivo social-democrata, o líder do Chega respondeu: "Mantenho em aberto que sim. É possível que isso aconteça".

Tal pode acontecer, prosseguiu o dirigente máximo do Chega, mesmo sem uma coligação formal.

"Tenho assistido com muita graça, nesta semana, à questão de o Chega poder ir para o governo dos Açores ou não, que há partidos que querem, outros não aceitam, etc. Vou deixar aqui muito claro: não vale a pena ter essa discussão.

Ninguém que fique com o cartão de militante do Chega vai participar num governo da região autónoma dos Açores com estes partidos. Ninguém. Se o fizerem, fazem-no contra a vontade do Chega nacional", prosseguiu.

André Ventura sublinha ainda que "preferia um acordo escrito" com os sociais-democratas e recusa aceder ao "impossível" de "viabilizar um governo socialista".

"Isso é pedir-me o impossível. Se o CDS quiser, ou estiver muito desejoso de fazer esse papel, faça-o. Depois, a nível nacional vamos ver as consequências disso", referiu, sobre esse ponto.

O PS venceu as eleições regionais nos Açores tidas no domingo, elegendo 25 dos deputados à Assembleia Legislativa Regional, mas um bloco de direita, numa eventual aliança (no executivo ou com acordos parlamentares) entre PSD, CDS, Chega, PPM e Iniciativa Liberal poderá funcionar como alternativa de governação na região, visto uma junção de todos os parlamentares eleitos dar 29 deputados (o necessário para a maioria absoluta).

O PAN, que também elegeu um deputado, pode também viabilizar parlamentarmente um eventual governo mais à direita.

Diversas fontes contactadas pela Lusa reconhecem a existência de conversações entre o PSD e outros partidos com vista a uma eventual viabilização de um executivo de direita.

O jornal Público noticiou na sexta-feira que terá decorrido nesse dia, em São Miguel, uma reunião entre os líderes de PSD, CDS e PPM.

André Ventura, divulgaram alguns órgãos de comunicação social esta semana, terá imposto quatro condições para a viabilização de um governo regional liderado pelo PSD, sendo um dos pontos a participação social-democrata no processo de revisão constitucional proposto pelo Chega.

Sobre este ponto, Ventura diz à TSF e ao DN não quer que o PSD apoie as propostas do Chega.

"Eu nunca disse que quero ver os deputados do PSD levantados quando se discutir a castração química de pedófilos. Não. Quero é que venham a jogo como num Estado democrático em que não há cercas sanitárias à volta de partidos, porque ninguém vir a jogo é o mesmo que dizer que este é um partido tão mau, tão terrível, que nós nem sequer queremos discutir com eles. É essa dignidade que nós queremos dar ao processo", assinala.

A lei indica que o representante da República nomeará o novo presidente do Governo Regional "ouvidos os partidos políticos" representados no novo parlamento açoriano.

Segundo indicação dada à Lusa por fonte do gabinete do representante da República, Pedro Catarino só poderá ouvir os representantes dos partidos políticos eleitos este domingo uma vez publicados os resultados oficiais em Diário da República, o que ainda poderá demorar alguns dias.

A assembleia de apuramento geral dos resultados só inicia os seus trabalhos "às 09:00 do segundo dia posterior ao da eleição" (terça-feira passada), tendo de concluir o apuramento dos resultados oficiais "até ao 10.º dia posterior à eleição".

Esses dados serão posteriormente enviados à Comissão Nacional de Eleições (CNE), que terá oito dias para enviar "um mapa oficial com o resultado das eleições" para publicação em Diário da República.

Depois da tomada de posse do próximo Governo dos Açores, haverá um prazo máximo de 10 dias para o programa do executivo ser entregue à Assembleia Legislativa.

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