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Jerónimo não se arrepende da geringonça e mostra confiança para as legislativas

No final da reunião do órgão máximo comunista entre congressos, o secretário-geral do PCP não se mostra arrependido de ter integrado a geringonça apesar dos dois desaires eleitorais consecutivos. Jerónimo de Sousa parte para as legislativas com "confiança"

Nuno Fox/Lusa
28 de Maio de 2019 às 20:27
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O secretário-geral comunista afastou hoje os "agoirentos do costume", após o pior resultado de sempre em eleições europeias da CDU, e reafirmou "confiança" para as legislativas de outubro, ao resumir a reunião do Comité Central do PCP.

"Desenganem-se os agoirentos do costume. Desenganem-se os que apostaram tudo contra o PCP e a CDU porque sabem que é em nós que reside a força capaz de fazer avançar os direitos dos trabalhadores e do povo. O PCP parte para as legislativas com confiança e determinação", afirmou Jerónimo de Sousa na sede comunista, em Lisboa.

Questionado insistentemente sobre o facto de a posição conjunta com o PS ter vindo a prejudicar eleitoralmente comunistas e ecologistas, que tiveram maus resultados nas autárquicas de 2017 e nas europeias do passado domingo, Jerónimo de Sousa reiterou o "acerto da posição" adotada em 2015, embora admitindo que o Governo minoritário do PS tenha "capitalizado" votos com a atual situação política e correlação de forças no parlamento.

Jerónimo de Sousa anunciou, desde já, a decisão sobre os candidatos às legislativas e sua apresentação para breve, "com a elaboração e apresentação do programa eleitoral e das soluções de que o país precisa", assim como a "mobilização e envolvimento que terá início no imediato com os comícios dos dias 1, 2 e 8 de junho, respetivamente em Setúbal, Lisboa e Porto, e na ação nacional de esclarecimento que decorrerá a partir de meados desse mês".

"Que fique claro para todos e cada um que a grande questão que está colocada aos trabalhadores e ao povo é a de avançar e não andar para trás", sublinhou.

O secretário-geral do PCP destacou o "papel decisivo" do partido, "com a luta dos trabalhadores para todos os avanços alcançados", num "caminho que se impõe prosseguir, desde já e até ao fim da legislatura", até porque "a Assembleia da República ainda não fechou" e há "muita matéria de grande relevância" em jogo como a legislação laboral ou as leis de bases de saúde e habitação, por exemplo.

Jerónimo de Sousa afirmou que "seria um erro de avaliação pensar que se poderia decalcar os resultados das eleições para o Parlamento Europeu para as eleições para a Assembleia da República", antecipando que vão existir "diferenças significativas" em outubro.

Sobre uma eventual renovação do entendimento com os socialistas, o líder comunista não se quis comprometer mais uma vez e preferiu adiantar que os deputados do PCP estarão sempre a favor das medidas para "avançar" e "criar melhores condições económicas e sociais" e para votar contra o que colida com os "interesses dos trabalhadores e do povo", que é com os quais tem o seu "compromisso" e não com o executivo do PS.

"Em 2014, a CDU teve o maior resultado dos últimos 25 anos", lembrou o dirigente comunista, apontando tal facto para justificar uma quebra tão abrupta de quase metade dos votantes no último domingo, algo justificado pelo contexto de então, com a presença da 'troika' em Portugal e a presença do PCP e da CDU como "força que resistiu e lutou", tendo por isso merecido a adesão de muitos eleitores.

Jerónimo de Sousa reiterou ainda as queixas pelo tratamento de alguns órgãos de comunicação social que acusou de terem feito, desde há meses, "uma campanha a partir dos centros de decisão que visaram" PCP e CDU, com base na "infâmia" e na "mentira" para atingir "o princípio fundamental de honestidade e competência", algo que, "naturalmente, fez mossa porque a suspeição, muitas vezes, é pior que a acusação".
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