Notícia
Henrique Neto explica manifesto pela democratização com problemas do sistema político
O empresário Henrique Neto, um dos signatários do manifesto pela democratização do regime hoje divulgado, explicou que o texto surgiu da conclusão de que a raiz dos problemas do País reside no funcionamento do sistema político.
"A ideia [do manifesto] partiu de um conjunto de 'democratas' que, em conversa uns com os outros, chegaram à conclusão que a raiz dos problemas que o país enfrenta reside na forma como funciona o nosso sistema político", disse o empresário em declarações à agência Lusa.
Sessenta personalidades de áreas como a política, economia, ensino, arquitectura, advocacia e investigação subscrevem um manifesto divulgado hoje, no qual defendem a reconstrução de um regime democrático e o fim da concentração do poder político nos partidos.
"Chegámos à conclusão de que, sem uma profunda reforma do sistema político, dificilmente teremos governos com experiência, sabedoria e ética capazes de governar bem o país", contou.
O empresário explicou que os signatários chegaram à conclusão de que são as questões eleitorais que "perpetuam no poder pequenos grupos que em cada partido se vão revezando no poder e que, uma vez lá, não promovem o debate interno, nem permitem a promoção dos mais novos".
De acordo com Henrique Neto, a solução para o problema passa por uma reforma das leis eleitorais no sentido de uma maior concorrência, nomeadamente das listas nominais.
"Devemos fazer um alerta nacional e levar os partidos políticos a rever esta situação porque são eles que têm o poder político. É a Assembleia da República que faz as leis", salientou o empresário, acrescentando que se os partidos não o fizerem, o grupo de "democratas vai avançar" com um movimento.
"Vamos avançar com um movimento que, ao longo do tempo, lute por esse único objetivo, porque a sociedade portuguesa tem tantos problemas e está muito dividida por causa desses problemas [a troika, situação de desemprego, entre outros]", disse, acrescentando que as "pessoas esquecem-se que todos estes problemas têm uma base, uma raiz".
Henrique Neto disse ainda que, para já, os signatários vão aguardar para "ver a reacção das pessoas e dos partidos" ao manifesto.
"Nós somos 60, aqui não há dirigentes nem dirigidos, vamos discutindo entre nós o que vai acontecendo e depois logo se vê que o que faremos a seguir", concluiu.
Entre os signatários do manifesto figuram os ex-ministros José Veiga Simão e Manuel Maria Carrilho, dos governos de António Guterres, os ex-deputados socialistas Henrique Neto, Eurico Figueiredo e Edmundo Pedro, o advogado Rómulo Machado, o historiador e deputado do Parlamento Europeu Rui Tavares, o capitão de Abril Vasco Lourenço, o escritor e encenador Hélder Costa e o músico João Gil.