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Governo escapa ao chumbo no Parlamento. E no país?

Ainda não há dados concretos para perceber até que ponto o Governo ficou fragilizado perante o país, mas hoje Costa verá os parceiros do Governo darem-lhe a mão no momento mais sensível para o Executivo desde a posse.

Pedro Elias
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O Governo deverá sair esta terça-feira politicamente ileso do Parlamento, com a rejeição da moção de censura do CDS pela falha do Estado no combate aos incêndios. Os partidos à esquerda deverão dar a mão ao Executivo de Costa, mas para o conselheiro de Estado Luís Marques Mendes o Governo "ficou profundamente fragilizado foi no país".

O CDS anunciou a moção de censura na passada terça-feira, ainda no rescaldo dos incêndios de 15 de Outubro e numa altura em que a contagem do número de mortos não parava de aumentar. Na altura, António Costa já tinha falado ao país, mas não tinha convencido. E os centristas pediram uma audiência a Marcelo Rebelo de Sousa e decidiram, nos órgãos internos, entregar uma moção de censura ao Executivo. No historial estavam já registos avassaladores. Nos incêndios de Junho, em Pedrógão Grande, tinham morrido 64 pessoas e agora, nos incêndios de Outubro, que abrangeram uma área maior no Norte e Centro do país, a contabilização chegou às 44 vítimas mortais.

Apesar das críticas generalizadas à actuação do Estado – da direita à esquerda –, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes preparam-se para travar a iniciativa centrista, que contará com o apoio do PSD.

Os comunistas  e os verdes argumentaram que a moção do CDS é uma tentativa de retirar dividendos políticos de tragédias. Ou seja, estratégia partidária. O Bloco de Esquerda censura a censura que considera ser um "truque grotesco", apesar de também defender que o "Estado falhou".

Porém, o Presidente da República validou a importância do resultado político que sair do Parlamento. "Se na Assembleia da República há quem questione a capacidade do actual Governo para realizar estas mudanças, que são indispensáveis e inadiáveis, então que, nos termos da Constituição, esperemos que a mesma Assembleia da República, soberanamente, clarifique se quer ou não manter em funções o Governo, condição essencial para em caso de resposta negativa se evitar um equívoco e em de resposta positiva reforçar o mandato para as reformas inadiáveis", disse Marcelo Rebelo de Sousa na comunicação ao país da semana passada.

Costa chega esta tarde ao plenário com um vasto pacote de medidas para fazer as reformas necessárias, o que ajudará os partidos à esquerda a justificar o apoio ao Governo.

Marques Mendes considera que o Governo pode sair ileso do Parlamento, mas que no país está fragilizado. "Não é um debate no país político que resolve um problema que existe entre o Governo e o país real", disse domingo na SIC. Uma sondagem da Aximage, com algumas entrevistas ainda feitas antes dos incêndios de 15 de Outubro, mostram que o PS continua à frente nas intenções de voto mas que perdeu terreno.
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