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Galamba: as dúvidas de Marcelo sobre "a prata da casa"

Em janeiro, Presidente da República tinha alertado que a remodelação levada a cabo por António Costa podia não funcionar. E "se não funcionar retiraremos daí as conclusões", afirmou então.

André Kosters / Lusa
02 de Maio de 2023 às 14:44
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No arranque do ano, e logo após aterrar em Lisboa depois de ter estado no Brasil, o Presidente da República foi claro a definir os riscos das escolhas que António Costa tinha assumido ao substituir Pedro Nuno Santos com dois novos rostos, dividindo a pasta em duas tutelas: Infraestruturas e Habitação.

A história é conhecida, mas vale a pena regressar a ela para entender a tensão política que o atual Executivo atravessa, depois de o Chefe de Estado ter afirmado, após os episódios que eclodiram no Ministério das Infraestruturas de agressões, roubo de um computador com SIS à mistura e de divergências sobre notas para uma comissão parlamentar de inquérito, que "estes casos, normalmente, são discretos". "São matérias muito sensíveis de Estado."

As matérias "sensíveis de Estado" que colocaram João Galamba no centro do furacão poderão também ser a base para que o Presidente da República confronte o primeiro-ministro para o aviso que lhe tinha feito na última remodelação governamental.

Na altura, a 3 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa leu as escolhas políticas de António Costa - ao nomear Marina Gonçalves para a Habitação e João Galamba para as Infraestruturas - sublinhando que tinha sido usado "o critério é fazer com a prata da casa para não mexer muito naquilo que existe".

E depois, sublinhou Marcelo, "se isso funcionar é uma boa ideia, se não funcionar retiraremos daí as conclusões". Em última análise, enfatizou também o Presidente da República naquele momento, "isso recairá sobre o primeiro-ministro".

Certo é que António Costa estava de férias em Itália quando foi confrontado com os problemas no interior do Ministério das Infraestruturas. Esta segunda-feira, à chegada a Portugal, explicou à RTP e ao Observador que "o primeiro-ministro não foi nem tinha que ser informado" sobre a intervenção do SIS para recuperar o portátil do ex-adjunto de Galamba. "Nem tomou qualquer diligência", explicou Costa.

"O ministério das Infraestruturas deu - e bem - o alerta pelo roubo do computador com documentos classificados. As autoridades agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais", explicou Costa.

Certo é que, também esta segunda-feira, o Presidente da República falou sobre as conversas que tem mantido com o primeiro-ministro sobre o caso Galamba, adiantando que "em determinados temas particularmente sensíveis o seu tratamento não é na praça pública, não é sob os holofotes da comunicação social".

Mas deixou também um aviso: "Sem boa economia é difícil haver boa política, mas pode haver alguma boa economia e isso não ser suficiente para haver boa política", numa espécie de alusão ao atual momento que o Executivo de António Costa está a atravessar.

Depois da reunião em São Bento entre o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o primeiro-ministro, tem reinado o silêncio da parte do Governo. Não é certo se Costa fará algum tipo de declaração ou se emitirá algum comunicado.

Em Belém, até ao início da tarde também ainda não havia nenhum pedido de reunião proveniente de São Bento, sabe o Negócios.

A última vez que Costa chamou um ministro a São Bento, curiosamente também o das Infraestruturas, mas então com Pedro Nuno Santos à cabeça, isso teve lugar depois de o governante ter anunciado a localização do novo aeroporto de Lisboa e de o primeiro-ministro ter revogado o respetivo despacho com tal decisão.

Nessa altura, Pedro Nuno Santos acabou por também sair de São Bento em silêncio, mas ao final da tarde acabou por fazer uma declaração onde pediu desculpa por ter tomado tal iniciativa.



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