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Críticos de Passos já reuniram assinaturas para forçar congresso
Os social-democratas críticos do actual líder do PSD já reuniram as 2.500 assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário no partido. Mas só o farão antes das autárquicas se as sondagens continuarem a evoluir desfavoravelmente.
A vaga de fundo dentro do PSD contra Pedro Passos Coelho já conseguiu reunir as assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário que pode acelerar a disputa da liderança do partido, escreve hoje o Expresso, citando alguns dos responsáveis pela recolha de nomes. Para já, os críticos estão dispostos a esperar, para avaliar a evolução do partido nas sondagens. As sensibilidades dividem-se entre provocar a disputa antes ou depois das autárquicas.
Um dos promotores da iniciativa que visa derrubar Passos Coelho explica ao semanário, sob anonimato, que o congresso só será convocado antes das autárquicas por duas razões. Uma delas está relacionada com o processo de escolha de candidatos. Além de Lisboa e Porto, os casos considerados mais bicudos – e nos quais o partido ainda não tem candidatos – há outros 10 municípios em que os conflitos internos estarão a minar o ambiente no PSD, prossegue o jornal.
Há muita gente que critica Passos Coelho em surdina e que poderá fazê-lo em público quando o processo terminar, antecipa uma fonte. Um ex-dirigente do PSD em Coimbra, Carlos Encarnação, já admitiu mesmo à Antena 1 que "isto não está bem" e que "as pessoas estão inquietas" com o processo de escolha dos candidatos.
Outra razão para forçar a convocação do congresso é a evolução nas sondagens. Caso o partido não descole até Março ou Abril, essa poderá ser uma das razões para avançar com o conclave, admite-se. Os apoiantes de Rui Rio, que surge como o principal opositor de Passos neste momento, dizem que disputar a liderança antes das eleições nas câmaras seria uma faca de dois gumes: por um lado, caso ganhasse, Rio começaria logo com uma prova de fogo; por outro, essa mudança de líder poderia dar um suplemento de energia ao partido.
Para já, contudo, Passos deverá ficar na expectativa e não vai tomar a iniciativa de convocar qualquer conclave. Do seu lado estará Miguel Relvas, por questões puramente estratégicas: apesar de preferir Luís Montenegro à frente do partido, prossegue o Expresso, o ex-ministro considera que é demasiado cedo para o líder parlamentar se lançar para a liderança, e o ideal seria derrubar Rui Rio e preservar Passos durante mais algum tempo na presidência do PSD.
Adicionalmente, Marco António Costa poderá manter-se fiel a Passos, embora mantenha proximidade com Rui Rio e outros críticos.
A mão "amiga" de Marcelo
Passos pode contar, para já, com o apoio de Marcelo Rebelo de Sousa. O Expresso diz que o Presidente da República convidou o líder do PSD para um jantar a sós no próximo dia 29, e tem feito intervenções públicas em que se mostra contra uma disputa interna no partido. Este aparente apoio é interpretado de duas formas: por um lado, os social-democratas ouvidos pelo semanário acreditam que Marcelo estará genuinamente preocupado com a estabilidade política do país.
Mas há também quem veja neste apoio uma jogada estratégica do Presidente, que nunca morreu de amores por Passos Coelho mas vê nele uma garantia para uma nova vitória de António Costa nas próximas eleições legislativas, marcadas para 2019. Marcelo estará a contar que Costa o apoie posteriormente para um segundo mandato em Belém.
Por agora prosseguem as jogadas de bastidores.