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Costa diz que paralisação dos enfermeiros “é um acto grave”

Sob ataque cerrado da direita a propósito da situação "preocupante" no Sistema Nacional de Saúde, o primeiro-ministro defendeu que a total paralisação dos enfermeiros e respectivas consequências “não é prática aceitável”. "Considero um acto grave", atirou António Costa.

Lusa
11 de Dezembro de 2018 às 16:10
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O primeiro-ministro António Costa considera que a situação que se vive no Sistema Nacional de Saúde (SNS), designadamente as consequências da paralisação total dos enfermeiros dos blocos operatórios, "não é prática aceitável". Perante as fortes críticas dirigidas ao Governo pelo PSD e pelo CDS na abertura do debate quinzenal que decorre esta terça-feira, 11 de Dezembro, no Parlamento, António Costa reconheceu que os efeitos dessa paralisação já implicaram que "mais de cinco mil cirurgias fossem canceladas", o que no entender do primeiro-ministro é um "acto grave".

Greves que impedem a realização de cirurgias programadas são actos "altamente prejudiciais" continuou António Costa. "Quando um bastonário diz que com a greve pode haver a morte de doentes, a responsabilidade deontológica só deve ser uma: a cirurgia não pode ser adiada por causa do direito à greve."

O também secretário-geral do PS frisou que, apesar desta apreciação, não lhe compete dizer como é que os sindicatos devem gerir o respectivo direito à greve. No entanto, não deixou de sublinhar que estas são "greves altamente prejudiciais". Instado pelo CDS, primeiro, e pelo PSD, depois, a dizer quando é que este problema das cirurgias adiadas estará resolvido, Costa assegurou que a reprogramação e realização de todas essas cirurgias acontecerá "no primeiro trimestre de 2019".

Coube à líder do CDS abrir a sessão. Assunção Cristas classificou o Executivo socialista como "o Governo dos impostos máximos e dos serviços públicos mínimos" para depois perguntar como é que "se está tudo bem (...) tantos se queixam", aludindo às greves de professores, médicos, enfermeiros, funcionários dos transportes, entre outros. 

"Afirmou repetidamente que tinha acabado a austeridade, essas expectativas estão hoje goradas. Todos se sentem enganados por si, pelo seu Governo, porque prometeu aquilo que nunca pensou cumprir", atirou Cristas dirigindo-se ao primeiro-ministro. Costa respondeu dizendo que não se pode "dar um passo maior do que a perna". "Não queremos que volte a haver um Governo, como o seu, que corte tudo", rematou o líder socialista.


Pelo PSD, o líder da bancada social-democrata, Fernando Negrão, recorreu ao caso do Hospital Sousa Martins, na Guarda, onde uma consulta de cardiologia tem hoje quase três anos e meio de espera, para concretizar que "a área mais preocupante em Portugal é a saúde". O deputado acrescentou que, na legislatura anterior, o SNS estava melhor: "se andássemos para trás, estaríamos muito melhor do que hoje".

António Costa rebateu, defendendo que não se poder fazer um debate do SNS "a partir de um caso concreto", provocando gargalhadas nas bancadas da direita. Costa prosseguiu elencando um conjunto de dados que mostram melhorias no sector desde o início da actual legislatura, como a contratação de "mais 49 mil consultas hospitalares", a contratação de nove mil profissionais para o SNS, e os 1,2 mil milhões de euros investidos no sector. "Em 2019 vamos ter finalmente tudo o que foi cortado no SNS reposto".


"Há atrasos? Há atrasos. É suficiente? Não é suficiente", perguntou e respondeu em acto imediato o primeiro-ministro, concluindo que "o caminho não é andar para trás, mas continuar a andar para a frente".

Ainda sobre a área da Saúde mas já em resposta a uma interpelação da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, o primeiro-ministro revelou que a nova Lei de Bases da Saúde vai ser aprovada já no Conselho de Ministros previsto para quinta-feira.

(Notícia actualizada às 16:50)
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