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Centeno ao FT: "Não vamos atirar dinheiro para a economia"

O coordenador do programa económico do PS garantiu esta tarde ao Financial Times que um governo socialista "vai ficar no caminho da consolidação orçamental". Entrevista surge depois dos sinais de nervosismo nos mercados.

Bruno Simão/Negócios
Negócios 10 de Novembro de 2015 às 18:01
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Um governo socialista em Portugal apoiado pela extrema esquerda não irá "atirar dinheiro para a economia" para impulsionar o crescimento nem consentirá o aumento do défice público, garantiu Mário Centeno, coordenador do programa económico do PS e eventual ministro das Finanças caso um governo socialista revele ter pernas para andar.

"Nós vamos ficar no caminho da consolidação fiscal", disse Mário Centeno ao Financial Times. "Não é a direcção que estamos a questionar, mas a velocidade da viagem." O défice orçamental e dívida pública vão permanecer numa "trajectória consistente de queda", acrescentou.

O FT prossegue escrevendo que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho conduziu Portugal através de um resgate doloroso e foi reconduzido depois de sua coligação de centro-direita ter saído das eleições de 4 de Outubro como a maior força política. No entanto,  perdeu a sua maioria absoluta, tornando-o vulnerável a uma aliança sem precedentes entre a oposição socialista e a extrema esquerda.

O correspondente da "bíblia financeira" em Lisboa dá conta de que a perspectiva de um governo PS garantido com o apoio dos radicais do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista de linha dura atingiu as acções dos bancos portugueses e levou os custos de financiamento do Estado para máximos de cinco meses. Mário Centeno considera, porém, que a reacção dos mercados não tem razão de ser, afirmando que a ideia de que ele estava planear "um estímulo pura e simples da procura interna" é superficial e errada. "Não é fácil para reduzir a nossa abordagem a dois ou três slogans". "Vamos continuar a reduzir o défice e a dívida, mas a um ritmo mais lento. Isto irá criar o espaço económico necessário para aliviar as restrições financeiras muito graves que as famílias e as empresas enfrentam. "

Sobre a queda das acções dos bancos, Centeno culpa o Governo, dizendo que teve pouco a ver com o programa PS, antes reflectiu "a fragilidade do sistema financeiro de Portugal", que o senhor Passos Coelho "não conseguiu resolver".


(notícia actualizada às 18h20)
 
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