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Cavaco Silva diz estar a atravessar "licença sabática muito restrita"

O ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva disse na segunda-feira estar a atravessar uma "licença sabática muito restrita", mas quebrou uma promessa auto-imposta e voltou a falar perante um microfone pouco mais de dois meses após cessar funções.

24 de Maio de 2016 às 00:08
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"Há dois meses e meio que não tinha um instrumento destes à minha frente", disse Cavaco Silva no arranque de uma intervenção no Instituto Superior Economia e Gestão (ISEG), onde esta noite foi homenageado - enquanto ex-aluno da instituição - pela sua carreira económica, política e social.

 

Falando no Salão Nobre do ISEG perante mais de 150 pessoas, o antigo chefe de Estado declarou que uma distinção como a que recebeu "devia ser atribuída a um economista profissionalmente activo", o que, advogou, não é o seu caso.

 

"Penso que uma distinção destas devia ser atribuída a um economista profissionalmente activo e não a alguém que está numa fase em que se auto-impôs numa licença sabática muito restrita", realçou o antigo Presidente e também antigo primeiro-ministro.

 

Cavaco Silva declarou que a sua presença no jantar de homenagem em sua honra - e também de Luís Alves Costa - representa o quebrar uma promessa que fez a si mesmo aquando da saída de Belém e da entrada do seu sucessor, Marcelo Rebelo de Sousa.

 

"Estou a violar uma promessa que fiz a mim próprio, a de que pelo menos durante seis meses, depois de terminar o mandato, não participaria em qualquer cerimónia pública e muito menos com um aparelho destes à minha frente", disse, referindo-se ao microfone que amplificava a sua voz.

 

A única referência à política e economia dos tempos actuais deu-se numa alusão à Grécia e à situação vivida por Atenas "nos últimos 12 meses", com Cavaco a sublinhar que um economista que tivesse estudado "um pouco o funcionamento de uma União Económica e Monetária" diria imediatamente que "a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia" dos partidos.

 

"No médio prazo a realidade acaba sempre por se impor", sublinhou, sem concretizar uma eventual referência ao executivo helénico do Syriza liderado por Alexis Tsipras.

 

Eduardo Catroga, antigo aluno do ISEG - instituição que assinala hoje 105 anos de existência - apresentou Cavaco como um homem que "denunciou o monstro" da despesa pública portuguesa, e que enquanto chefe de Governo deixou uma "boa herança macroeconómica". "A história vai dar razão" a Aníbal Cavaco Silva, acredita Catroga, que lembrou o apoio dos portugueses a Cavaco, que ganhou "cinco eleições, quatro delas com maioria absoluta".

 

Cavaco, prosseguiu Eduardo Catroga, foi o único antigo aluno do ISEG que exerceu funções como primeiro-ministro e Presidente da República - dois antigos alunos, Veiga Beirão e Vitorino Magalhães, chegaram a líderes de executivos ainda na primeira República.

 

Em Março deste ano, Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse como Presidente da República, depois de vencer - na primeira volta - o sufrágio para Belém realizado a 24 de Janeiro.

 

O evento de hoje é um dos primeiros encontros tornados públicos onde Cavaco Silva marca presença desde que cessou funções como chefe de Estado - a 7 de Abril o antigo Presidente e também antigo primeiro-ministro esteve no primeiro Conselho de Estado convocado por Marcelo Rebelo de Sousa, reunião que contou com a participação do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.    

 

No jantar de homenagem a Cavaco e Luís Alves Costa - este distinguido pela sua carreira de gestor e empreendedor - estiveram, entre outros, o fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão, o economista Vítor Bento, o presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos, e várias figuras ligadas ao ISEG.

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