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Carlos Silva diz que austeridade "não acabou" e pede redução do IRS no Orçamento

O secretário-geral da UGT e dirigente do PS, Carlos Silva, rejeitou hoje a ideia de que a austeridade tenha acabado e defendeu como prioridade para o próximo Orçamento do Estado a redução do IRS.

04 de Setembro de 2018 às 23:32
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Num jantar-conferência na Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide (Portalegre), Carlos Silva foi desafiado por uma aluna a escolher uma medida a propor ao primeiro-ministro, António Costa, para incluir no próximo Orçamento do Estado.

 

"Olha Maria, se o primeiro-ministro me vier perguntar -- não vem -- mas se viesse, neste momento é fundamental baixar a carga fiscal dos trabalhadores", afirmou, defendendo que tal redução deve passar pelo aumento dos escalões e alterações nas taxas.

 

Para Carlos Silva, "quem ganha 40 mil euros em Portugal não é rico, mas à luz do actual padrão do IRS são pessoas milionárias".

 

O secretário-geral da UGT recordou que, em Fevereiro de 2012, assinou um acordo de concertação social com o anterior Governo PSD/CDS-PP porque, se não o fizesse, seria aplicado um memorando de entendimento com a 'troika' que era "cem vezes pior", lamentando as críticas na altura à central sindical.

 

"Nós assinámos precisamente para não afundar o país ainda mais do que aquilo que nos estavam a impor com a 'troika'", afirmou.

 

No entanto, com a saída da crise, a UGT defende agora a reversão de algumas medidas contidas nesse acordo e deixa também 'recados' ao actual Governo socialista.

 

"Também não aceitamos que nos digam que acabou a austeridade, não acabou nada, não acabou completamente", considerou o membro da Comissão Nacional e da Comissão Política do PS.

 

Na sua intervenção, Carlos Silva apontou PSD, PS e CDS como "partidos charneira da democracia", "europeus e pró europeístas" que "apoiam, mas não dominam o movimento sindical".

 

"Há um partido que domina e determina acção da sua central sindical, que é a CGTP", acusou, salientando que a "luta, os trabalhadores e o povo não são exclusivos de algumas intervenções neste país".

 

O secretário-geral da UGT manifestou dúvidas de que os jovens qualificados que emigraram na altura da 'troika' possam regressar a Portugal devido "à política estrutural de baixos salários" e disse ser contra uma eventual limitação dos salários dos gestores.

 

"Ganhem lá o que quiserem, se ganharem muito são tributados nessa medida, é através dos impostos que se faz a redistribuição", defendeu.

 

Salientando por várias vezes que a UGT "não é muleta de Governo nenhum", Carlos Silva defendeu a melhoria da ferrovia e da rede viária e criticou uma posição tomada por António Costa.

 

"Que não sirva de desculpa de ninguém, muito menos ao primeiro-ministro, que veio dizer que tem de construir a estrada entre Coimbra e Viseu e não pode pagar aos professores. Eu isso não aceito de forma nenhuma", assegurou.

 

O secretário-geral deixou ainda algumas inconfidências aos alunos da Universidade de Verão: que há muitos militantes do PSD filiados em sindicatos afectos à CGTP -- "não bate a bota com a perdigota" - e uma ajuda inesperada na negociação do aumento do salário mínimo nacional (SMN) com o anterior Governo.

 

"Em 2014, quando passámos de 485 para os 505 euros, tivemos uma ajuda do então Presidente da República, Cavaco Silva. Numa reunião em Belém, ele disse-nos para pedirmos mais de 500: 'peçam 503 ou 504'", referiu.

 

Na altura, a UGT acordou com o governo liderado por Passos Coelho um aumento para os 505 euros e que visava compensar o congelamento do SMN iniciado no tempo do executivo socialista de José Sócrates.

 

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