Notícia
Banca alemã nega responsabilidades nas fugas para paraísos fiscais
Andreas Schmitz, presidente da Associação Federal de Bancos Alemães, negou hoje qualquer responsabilidade nas evasões para paraísos fiscais por parte dos seus clientes.
“Em primeiro lugar, esses depósitos são feitos por clientes ou organizações privadas”, afirmou Andreas Schmitz (na foto), acrescentando que os bancos “não podem realizar averiguações sobre a legitimidade dessas transacções, já que não temos competência para o fazer”.
O panorama que envolve os paraísos fiscais foi descortinado, esta quinta-feira, por uma investigação da rede de jornalistas International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ). A principal conclusão é a de que a utilização destes paraísos fiscais se disseminou de uma forma radical, o que tem facilitado a fuga de impostos e dinamizado as práticas de corrupção.
O Ministério das Finanças alemão tornou público, por sua vez, que está a tomar providências. O Governo de Angela Merkel pediu aos órgãos de comunicação social na posse dos documentos ontem citados para os disponibilizar. "Assumimos e agradecemos se os documentos relevantes forem, agora, enviados às autoridades tributárias competentes dos Estados, para que estes possam começar rapidamente as suas investigações e, consequentemente, os respectivos procedimentos", indicou o porta-voz das Finanças Martin Kotthaus, citado pela Bloomberg.
Políticos, magnatas, milionários...
O "The Guardian", um dos jornais parceiros da ICIJ, noticiou que mais de 175 mil empresas registadas no Reino Unido teriam administradores com moradas em jurisdições de paraísos fiscais. A mesma publicação cita um antigo economista-chefe na consultora McKinsey que estima a existência de 32 biliões de dólares (25 biliões de euros) em paraísos fiscais.
O trabalho de investigação, feito por 86 jornalistas de 46 países durante 15 meses, mostrou, por exemplo, como alguns milionários conseguiam, através de estruturas complexas, ser donos de mansões, barcos ou activos de arte, obtendo "benefícios fiscais e anonimato que não estão disponíveis a uma pessoa comum". Um dos exemplos avançados é o da baronesa espanhola Carmen Thyssen-Bornemisza, dona da fundação de arte com o seu apelido, em Madrid.
Uma das outras histórias que veio a público através da ICIJ é a de um magnata da construção do Azerbeijão que controla entidades estabelecidas em nome das filhas do presidente do país. Uma outra envolve um anterior ministro das Finanças da Mongólia, Bayartsogt Sangajav, que criou um fundo num banco suíço.
Além de políticos e seus familiares, o mundo secreto das contas "offshore" envolve milionários, magnatas internacionais e ainda intermediários dos negócios – estes últimos são apontados como os elementos que facilitavam os esquemas de lavagem de dinheiro.