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Azeredo Lopes demite-se para proteger Forças Armadas
O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, apresentou hoje ao primeiro-ministro, António Costa, a sua demissão do Governo. Azeredo Lopes justifica o pedido de demissão com a necessidade de proteger as Forças Armadas.
Ainda esta sexta-feira, 12 de Outubro, o presidente do PSD, Rui Rio, disse que, se fosse o primeiro-ministro, Azeredo Lopes já tinha sido afastado, considerando que o ministro da Defesa "está fragilizado politicamente e não tem condições para se impôr".
Na carta enviada ao primeiro-ministro, citada pela Lusa, Azeredo Lopes considera estar a ser alvo de um "ataque político" e justifica a sua demissão para evitar que as Forças Armadas sejam "desgastadas".
"Não podia, e digo-o de forma sentida, deixar que, no que de mim dependesse, as mesmas Forças Armadas fossem desgastadas pelo ataque político ao ministro que as tutela", justificou Azeredo Lopes na missiva dirigida a António Costa e em que reitera não ter tido qualquer conhecimento, "directo ou indirecto", acerca de um encobrimento para proteger o autor (ou autores) do roubo.
Em nota enviada às redacções, o primeiro-ministro explica ter aceitado a demissão de Azeredo Lopes "em respeito pela sua dignidade, honra e bom nome, e para preservação da importância fundamental das nossas Forças Armadas". Costa agradeceu ainda "a dedicação e empenho" com que Azerelo Lopes "serviu o país".
Esta sexta-feira, o jornal Público adiantava que a saída do ministro estava a ser programada para depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2019, prevista para as 11:00 deste sábado. Azeredo Lopes acabou por confirmar esta informação na carta enviada a António Costa, ao referir que apesar de querer esperar pela finalização da proposta orçamental se demitiu para "não perturbar" o processo.
Na reacção à saída de Azeredo Lopes, o presidente do PSD puxou dos galões para lembrar ter sido ele, quando o tema parecia adormecido, a alertar, no início de Setembro, que "esta questão não podia ser esquecida". Para Rui Rio, o conteúdo da carta de Azeredo Lopes "revela que Azeredo Lopes teve sentido de Estado mais cedo do que, aparentemente, o primeiro-ministro".
Repetindo aquilo que afirmara esta manhã, o líder social-democrata sustenta que deveria ter sido António Costa a tomar a iniciativa de afastar Azeredo Lopes porque ao não fazê-lo permitiu que se prolongasse um "debate público negativo demasiado tempo". Mas "mais vale tarde do que nunca", desabafou Rio notando que "infelizmente foi tarde". Abordando ainda a carta enviada a Costa por Azeredo, o presidente do PSD lamenta que a demissão possa ter acontecido devido a "razões tácticas", o que é "injustificável".
O deputado João Almeida (CDS) concorda com uma demissão que peca por "tardia" e que confirma a "desvalorização do que aconteceu em Tancos", disse citado pela Lusa. À esquerda, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considera que com a saída de Azeredo Lopes, o problema relacionado com o caso de Tancos é agora um "problema" nas mãos do primeiro-ministro.
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, mostrou-se satisfeita por finalmente terem sido retiradas "consequências políticas" num "processo rocambolesco". Mais contundentes foram os Verdes que, em comunicado enviado às redacções, exigem ao Governo que diga qual a "razão efectiva" que levou à demissão de Azeredo Lopes.
"O Governo deve, contudo, explicar a razão efectiva dessa demissão, designadamente tendo em conta que o primeiro-ministro várias vezes reiterou a confiança no ministro da Defesa", lê-se na nota enviada pelos ecologistas.
(Notícia actualizada pela última vez às 19:30 com reacção de Rui Rio)