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Yellen admite subir juros em Março
A presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos abriu a porta a uma nova subida de juros já na próxima reunião do banco central.
Se o mercado de trabalho e a inflação continuarem a progredir como a Fed espera, será apropriado um agravamento da taxa de referência "nas próximas reuniões", disse Janet Yellen no Senado.
O discurso da presidente da Fed era bastante aguardado nos mercados, que esperam por mais sinais para perceber a direcção da taxa de juro do banco central, sobretudo depois de Donald Trump tomar posse como presidente dos Estados Unidos.
Minutos após serem conhecidas as palavras de Yellen, os índices accionistas mantiveram-se em terreno ligeiramente negativo. O Dow Jones desce 0,08%, o Nasdaq cai 0,11% e o S&P500 cede 0,08%, sendo que nas últimas sessões estes índices têm fixado máximos históricos.
Yellen sinalizou que a política monetária da Fed não deve sofrer alterações. "Esperar demasiado para remover a política acomodatícia será imprudente, exigindo que a Fed eventualmente suba as taxas de juro de forma rápida, o que por sua vez pode causar uma disrupção nos mercados financeiros e levar a economia para recessão".
A presidente da Fed reiterou assim o objectivo de agravar o preço do dinheiro na maior economia do mundo de forma "moderada". Yellen não deu qualquer indicação sobre a altura em que os juros voltam a subir, sendo que os investidores vêem como cada vez mais provável que tal possa acontecer já na reunião de 14 e 15 de Março. De acordo com a Bloomberg, os operadores estão a atribuir uma probabilidade de 30% a um agravamento de juros já no próximo mês.
A confirmar-se, tratar-se-á de uma aceleração do ritmo de subida das taxas de juro, uma vez que desde que a economia começou a recuperar em 2009, a Fed subiu os juros por apenas duas vezes. Para este ano sinalizou que a taxa de juro, que se encontra entre 0,5% e 0,75%, poderá subir por três vezes.
Políticas de Trump com efeito incerto
Sem nunca mencionar directamente as propostas da administração de Trump, Yellen perspectivou que a economia norte-americana vai continuar a crescer a um ritmo moderado e que o consumo das famílias deverá manter uma "expansão saudável".
Alertou que alterações das políticas económicas e fiscais podem afectar as perspectivas de crescimento da economia, embora não referisse em que sentido. "É muito cedo para avaliar", assinalou, acrescentando ainda assim que as potenciais alterações na política fiscal dos Estados Unidos representam uma "considerável incerteza" para o "outlook" da economia.
"Alterações da política fiscal ou noutras políticas económicas podem potencialmente afectar o ‘outlook’ económico", disse Yellen, acrescentando que "é muito cedo para avaliar que políticas vão ser postas em prática e quais serão os efeitos económicos".
Yellen também deixou recados para o novo presidente dos EUA. "Espero que as mudanças de política orçamental sejam compatíveis com o objetivo de manter o orçamento dos Estados Unidos numa trajectória viável", afirmou Yellen.
Donald Trump prometeu reduzir os impostos, principalmente das empresas, e aumentar consideravelmente a despesa com infraestruturas, o que coloca questões sobre o financiamento dessas medidas e sobre o impacto que terão no défice.
(notícia actualizada às 15:45 com mais informação)