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Schäuble: política expansionista está a criar "economias-zombies"
O ministro alemão das Finanças insiste que é tempo de aplicar reformas estruturais e manter a regulação financeira. Os programas de estímulos, avisa, podem estar a criar terreno para a próxima crise financeira.
O ministro alemão das Finanças Wolfgang Schäuble manifestou-se contra a aprovação pelo G20 de um novo pacote de medidas de estímulo à economia internacional e apontou as medidas expansionistas dos últimos anos como podendo estar a originar uma nova crise económica e financeira.
"O modelo de crescimento baseado na dívida atingiu os seus limites. Está mesmo a causar novos problemas, aumentando o endividamento, gerando bolhas e riscos excessivos, tornando a economia 'zombie'", afirmou Schäuble na madrugada desta sexta-feira, 26 de Fevereiro na reunião de banqueiros centrais e ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo, em Xangai, China.
A ideia de as maiores economias do mundo juntarem esforços e tomarem medidas ousadas para impulsionar o crescimento foi proposta dois dias antes do encontro pelo Fundo Monetário Internacional. "O G20 deve planear um apoio coordenado à procura usando a margem orçamental disponível para aumentar o investimento público e complementar as reformas estruturais", sublinhava o relatório do FMI, citado pela Reuters.
"Não concordamos com um pacote de estímulos no G20 como alguns defendem caso novos riscos se materializem. (…) Temos de deixar claro que o espaço para a política monetária está esgotado. E temos de pensar como implementar as reformas", afirmou Schäuble, defendendo que a política acomodatícia tem obtido apenas resultados moderados.
Já o FMI defende que a política monetária acomodatícia "continua a ser essencial, onde a inflação ainda esteja abaixo das metas dos bancos centrais" e uma política orçamental de curto prazo "mais favorável, quando apropriado, e desde que haja margem de manobra orçamental".
O Banco Central Europeu estendeu em Março do ano passado o seu programa de compras à aquisição de dívida soberana na zona euro, destinando um valor médio mensal de 60 mil milhões de euros a esse fim. O objectivo de reanimar a economia do euro e cumprir o mandato de colocar a inflação próxima mas abaixo dos 2%, valor que está longe de alcançar.
Este programa de alívio quantitativo sempre mereceu críticas e oposição do banco central alemão e das autoridades de Berlim. Na reunião de Dezembro passado o programa passou a abranger dívida emitida por regiões e o presidente Mario Draghi aprazou para o próximo mês de Março uma nova revisão do programa.
"As políticas orçamentais e monetárias atingiram o seu limite", insistiu Schäuble. "Se queremos que a economia real cresça, não há atalhos para evitar as reformas", argumentou o ministro alemão, avisando ainda que interromper a regulação financeira "seria um erro terrível".