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Mário Centeno junta-se ao coro de falcões do BCE mas com cautela
O governador do Banco de Portugal juntou-se aos membros do BCE que admitem a subida das taxas de juro, mas alertou para os riscos de uma política monetária demasiado agressiva.
O governador do Banco de Portugal Mário Centeno admitiu que a inflação deve "permanecer alta em 2022" e juntou-se ao coro dos membros "falcões" do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), sublinhando que "a normalização da política monetária é necessária e desejada".
Mário Centeno sublinhou, durante o Fórum Banca, que "não fazer nada [face ao galopar da inflação] não é solução". "De facto a ausência de uma política monetária ou até mesmo a precepção de que não há uma resposta suficientemente vigorosa, inevitavelmente aumentaria os custos em termos de emprego e atividade".
"Quando a recuperação económica pós-pandémica começou, a invasão russa à Ucrânia criou um quadro económico, social e geopolítico de alta imprevisibilidade. Por esta razão a economia europeia enfrenta simultaneamente dois choques em precedentes na História recente. São dois choques sobrepostos que condicionam as perspetivas de crescimento económico e que introduzem pressões inflacionistas", acrescentou o Ministro das Finanças.
Mário Centeno advertiu ainda para os riscos de uma política monetária agressiva restritiva: "a normalização da política monetária é necessária e desejada, mas deve ocorrer e condições, para que seja realizado de tal maneira que não seja em si própria um fenómeno de instabilidade".
O governador defendeu ainda que "embora se espere que a inflação permaneça elevada durante [este ano] não existem razões estruturais para não admitir a convergência dos objectivos [de apontar a inflação para a meta dos 2%] a médio prazo, pois a incerteza pode ser dissipada e os desequilíbrios gradualmente resolvidos".
As declarações do governador português surgem dias depois de a presidente do BCE, Christine Lagarde ter reconhecido que as taxas de juro podem subir "poucas semanas" depois do fim programa de compra de ativos, no início do terceiro trimestre.