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Luís Amado pede mais "política" para resolver "espiral de crise"

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros considera que os bancos centrais têm estado a fazer política e que chegou a altura dos políticos agirem.

Miguel Baltazar/Negócios
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A "política" é a resposta para a "espiral de crise" financeira, económica, social e política que o mundo vive e que também afecta a Europa e Portugal. 

Esta é a visão do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que considera que não são os banqueiros centrais que têm de resolver problemas políticos.

"A política monetária europeia está há 10 anos a segurar esta crise. A acção solitária dos bancos centrais só por si não basta, o problema não tem solução puramente na frente da economia monetária", afirmou.

O discurso teve lugar durante o VI Congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), esta terça-feira, 3 de Maio, em Lisboa.

 

"Os bancos centrais têm dado tempo aos políticos", disse Luís Amado sublinhando que são os políticos que têm de resolver os problemas que a Zona Euro está a viver, como a "economia fragilizada, crescimento débil" e a baixa inflação.

O antigo governante sublinhou que o mundo vive um problema de falta de confiança. "Há de facto uma crise de confiança, muito profunda, apesar de condições extraordinárias para o consumo e o investimento", dando o exemplo das taxas de juro negativas e dos preços baixos das matérias-primas como o petróleo.

Apontou assim que o consumo e o investimento privado na Europa estão muito condicionados pelos "factores de confiança, num cenário de grande incerteza, instabilidade e insegurança, mesmo física, na Europa e vizinhança".

Luís Amado defende que há uma "crise de globalização" e que está a nascer uma "nova configuração da relação de forças" que põe em causa a "potência hegemónica dos Estados Unidos" e que está a dar lugar a "potências emergentes como a China e a Rússia".

Em resposta, têm surgido vários movimentos contra o fenómeno da globalização, tanto nos partidos políticos europeus como nos candidatos à presidência dos Estados Unidos, que defendem "nacionalismos e o proteccionismo".

"À nossa volta temos caos, desordem, desorganização, guerra e conflito e é assim que vamos ter que viver durante muitas décadas", antevê Luís Amado.

E deu o exemplo do terrorismo que tem assolado a Europa. "O terrorismo é um factor de instabilidade muito grande. Em termos económicos têm uma incidência directa, cada atentado tem um custo económico, foi assim em Paris e na Bélgica".

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