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Lagarde não se compromete com mais cortes. Só "muito mais à frente no verão" espera ter dados

A presidente do BCE sublinhou que vão ser precisos mais dados, para tomar novas decisões. As declarações de Lagarde ficam em linha com o comunicado do banco central, que se recusou a definir uma trajetória para as taxas de juro, que decidiu cortar esta quinta-feira.

Wolfgang Rattay / Reuters
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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, não se compromete com novos cortes das taxas de juro diretoras – depois de a autoridade monetária ter deliberado esta quinta feira a primeira redução das taxas desde setembro de 2019 - até porque são precisos mais dados, para que sejam tomadas novas decisões nas próximas reuniões.

"Não vou dizer hoje, nem em nenhuma altura até muito mais à frente no verão" que irá tomar uma decisão agora ou noutro momento, salientou Lagarde, durante a conferência de imprensa com os jornalistas. Antes da pausa para férias, os governadores ainda se reúnem em julho e, depois, só em setembro. "Precisamos de ter dados suficientes e os dados vão sendo recebidos ao longo do tempo", salvaguardou a líder do banco central.

A líder do banco central explicou que o banco central quando analisa os dados "olha pelo prisma de três critérios: o ‘outlook’ da inflação, a inflação subjacente e a transmissão da política monetária", garantindo assim "uma análise apropriada" dos números.

Ainda assim, Lagarde salvaguardou que tal não significa que só serão tomadas "decisões quando houver projeções, uma vez que estamos dependentes dos dados"." Mas, claro, haverá muito mais dados então", acrescentou.

Mas a que se deve esta dependência face aos dados? Lagarde voltou a salientar (assim como já tinha feito na conferência de imprensa após a última reunião), que é preciso ter em conta que poderá haver também "solavancos na estrada", referindo-se ao combate contra a inflação, e deu como exemplo a inflação salarial, que está dependente de vários fatores, como a contratação coletiva.

Nem mesmo quando confrontada com as expectativas do mercado para este ano – que aponta para mais reduções dos juros até ao final de 2024 – a presidente do BCE decidiu levantar o pano sobre o que acontecerá nos próximos meses, deixando apenas claro que "o mercado faz o que tem de fazer", enquanto também o BCE "faz o que tem de fazer".

Durante a conferência de imprensa, Lagarde foi ainda questionada sobre a recente entrevista ao Financial Times, Philp Lane, em que o economista-chefe do BCE antecipou - ainda antes deste encontro da autoridade monetária - que o banco central estava preparado para descer os juros, mas sem sair de terreno restritrivo. 

Lagarde esclareceu que Lane apenas sinalizou a necessidade "de moderar o nível de restritividade" da política monetária, que é o que o BCE "está a fazer". [Agora], quando tempo é que vamos demorar? Não consigo dizer neste momento, depende dos dados", acrescentou. 


Esta incerteza sobre o futuro dos juros na Zona Euro também já estava presente no comunicado sobre a reunião desta quarta-feira, em que o banco central "não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica".

Assim, para já, o que é certo é que, a partir de 12 de junho, as três taxas de referência recuam 25 pontos base, tendo a decisão tido apenas um voto contra de um dos membros do conselho do BCE, como revelou Lagarde.

No entanto, "não houve qualquer dicidência" sobre o facto de que "o caminho [do BCE] dependerá dos dados" e que as decisões será tomadas "reunião a reunião". 

Taxa final do BCE pode ser mais alta que antes, mas ainda está "longe"

Quanto ao momento em que o BCE deverá completar as decidas de taxas de juro, Christine Lagarde sugeriu que o nível poderá ser mais elevado do que o esperado antes do atual período de choque, mas garantiu que os novos 3,75% da taxa de depósito, após a descida desta quinta-feira, ainda estão bastante distantes da chamada taxa neutral, ou terminal,

"Se tiver aumentado face a onde estava antes da covid, sabemos também que estamos longe", indicou em resposta aos jornalistas num momento em que alguns economistas apontam para níveis em torno dos 3% para garantir uma posição neutra no desempenho económico do euro e em forte contraste com o cenário de juros negativos vivido por praticamente uma década até 2022.

Ainda assim, garantiu, "não estamos perto da taxa neutral". "Ainda temos caminho a fazer".

(Notícia atualizada às 14h52 horas)

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