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Fed mantém juros diretores no zero. E podem ficar assim até 2023

O banco central dos EUA decidiu não mexer na taxa dos fundos federais, que se manteve assim num intervalo compreendido entre os 0% e os 0,25%.

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, anunciou um corte surpresa nas taxas do país.
Michael Reynolds/EPA
16 de Setembro de 2020 às 19:09
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A Reserva Federal norte-americana manteve a taxa de juro diretora num intervalo entre 0% e 0,25%, tal como se esperava, uma vez que o seu presidente, Jerome Powell (na foto), já disse várias vezes que não considera adequado partir para um cenário de juros negativos.

O banco central sublinha que manterá os juros no atual nível até que se atinja o máximo emprego nos EUA. Além disso, o quadro 'dot plot' (onde estão as previsões dos membros para as mexidas dos juros) aponta maioritariamente para a manutenção da taxa diretora no atual patamar até 2023.

 

Assim, é agora expectável que a Fed mantenha os juros em torno de zero durante pelo menos três anos para ajudar a economia norte-americana a recuperar do impacto da pandemia de covid-19.

 

O Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) "espera manter uma abordagem acomodatícia na política monetária" até que se atinja uma inflação média de 2% ao longo do tempo e que as expectativas para a inflação de mais longo prazo se mantenham bem ancoradas nos 2%, refere no comunicado.

 

Esta declaração reflete a nova estratégia do banco central, em que se permitirá que a inflação supere os 2% depois de períodos em que fique abaixo dessa meta. Essa mudança foi anunciada por Powell no mês passado.

 

Mudança de "chip"

 

Com efeito, foi no passado dia 27 de agosto que Powell pormenorizou esta mudança de postura, num discurso proferido pouco depois do anúncio da decisão de manter os juros.

 

A decisão do banco central dos EUA de deixar a inflação correr acima dos 2% tem como objetivo suportar o emprego, explicou então a Fed.

 

Com isto, o FOMC adotou agora uma forma flexível de definição da meta para a inflação média, explicava recentemente, num artigo de opinião do Project Syndicate, Willem H. Buiter, que foi economista-chefe do Citigroup e é professor adjunto na Universidade de Columbia.

 

Segundo o comunicado de agosto, a Fed agora "procura atingir uma inflação média de 2% ao longo do tempo". Consequentemente, "após períodos em que a inflação se tenha mantido de forma persistente abaixo dos 2%, uma política monetária apropriada visará atingir uma inflação moderadamente superior a 2% durante algum tempo".

 

Apoio à economia prossegue

 

Esta quarta-feira, a Fed comprometeu-se, uma vez mais, a usa todas as suas ferramentas para ajudar a economia a recuperar.

 

Assim, anunciou que continuará a comprar obrigações do Tesouro e títulos endossados a hipotecas "pelo menos ao ritmo atual", de modo a "sustentar um funcionamento estável do mercado".

 

Esses montantes ascendem, mensalmente, a 80 mil milhões de dólares em obrigações e a 40 mil milhões em títulos garantidos por hipotecas.

 

Mais otimismo nas previsões para a recessão

 

A Fed revelou-se mais otimista na sua atualização trimestral das estimativas para a evolução da economia, com os responsáveis do banco central a preverem uma contração económica para este ano menos profunda do que esperavam anteriormente. Contudo, esperam uma retoma mais lenta nos próximos anos.

 

A projeção é agora a de uma queda de 3,7% PIB em 2020, quando nas previsões de junho a Fed estimava uma contração de 6,5%.

 

Já a taxa de desemprego deverá situar-se nos 7,6%, contra os 9,3% anteriormente antecipados.

 

Por seu lado, a chamada inflação ‘de base’ (ou ‘inflação core’, que retira à inflação global o efeito da variação dos preços da energia e dos alimentos, mais voláteis e sujeitos a choques independentes da dinâmica da economia) deverá ficar em 1,5%, quando em junho se estimava em 1%.

 

Bolsas reagem em alta

 

Em Wall Street, após o anúncio da Fed de manutenção dos juros – e os sinais de que este cenário poderá durar pelo menos até 2023 –, o movimento de subida do Dow Jones e do S&P 500 reforçou-se e o Nasdaq já entrou em terreno positivo.

 

Na sessão de hoje, as cotadas da banca e da energia estão entre as melhores performances bolsistas do outro lado do Atlântico.


(noticia atualizada às 19:48)

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