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Fed assume-se como falcão. Duplica ritmo do “tapering” e sobe juros seis vezes até final de 2023

O banco central dos EUA decidiu não mexer na taxa dos fundos federais, que se manteve entre os 0% e os 0,25%, mas sinaliza três subidas no próximo ano. E anunciou que vai duplicar o ritmo "tapering".

A Reserva Federal norte-americana realiza hoje, às 19h, uma conferência de imprensa na qual vai anunciar os resultados do último encontro de política monetária.
Leah Millis/ Fed
15 de Dezembro de 2021 às 19:08
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A Reserva Federal norte-americana, liderada por Jerome Powell (na foto), anunciou hoje, no final da sua reunião de dois dias, que vai duplicar o ritmo das reduções mensais ("tapering) de compra de ativos. O atual corte de 15 mil milhões de dólares por mês passa a ser de 30 mil milhões.

 

Recorde-se que, no âmbito dos estímulos à economia em período pandémico, a Fed começou por desembolsar biliões de dólares na compra de ativos, que entretanto reduziu para 120 mil milhões de dólares por mês. Em novembro e dezembro deixou de investir 30 mil milhões de dólares nestas compras (15 mil milhões em cada um dos meses), pelo que o ritmo de compra de ativos com que entra em 2022 está na base dos 90 mil milhões de dólares por mês: 60 mil milhões de dólares em Obrigações do Tesouro (OT) e 30 mil milhões em títulos garantidos por hipotecas.

 

Foi na reunião do mês passado disse que iria começar a reduzir em 15 mil milhões de dólares por mês essas compras de ativos, mas hoje, tal como se esperava, devido à persistente inflação, anunciou uma duplicação no ritmo do "tapering".

 

Esta redução de 30 mil milhões de dólares nas compras mensais de ativos, que entra em vigor em janeiro, reparte-se por 20 mil milhões no caso das OT e 10 mil milhões no que diz respeito aos títulos endossados a hipotecas.

 

Assim, a partir de janeiro, a Fed passará a comprar apenas 40 mil milhões de dólares por mês em OT e 20 mil milhões de dólares em títulos garantidos por hipotecas, sublinha o comunicado.

 

"O Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) considera que o adequado deverá ser proceder a reduções similares no ritmo de compras de ativos, a cada mês, mas está preparado para ajustar esse ritmo se tal for justificado por alterações nas perspetivas económicas", refere o mesmo documento.

 

Naquela que foi uma das mudanças de política mais dura da Fed nos últimos anos, o banco central prevê assim, com esta aceleração, acabar com o programa de estímulos pandémicos em março e não em junho do próximo ano.

  

O FOMC continua empenhado em alcançar o pleno emprego e em ter uma taxa de inflação de 2% no longo prazo. E uma vez que a subida do índice de preços no consumidor tem sido persistente, o banco central optou por uma postura mais "hawkish".

 

Nesta reunião de dois dias dedicada à política monetária, a Fed decidiu não mexer nos juros diretores, mantendo assim a taxa dos fundos federais entre os 0% e os 0,25%. Mas prevê três subidas dos juros diretores em 2022, para 0,9%, e mais três no ano seguinte.

Além disso, o "dot plot" – um mapa que mostra como cada representante do banco central estima as mexidas nos juros diretores – aponta para mais dois aumentos dos juros em 2024. Se acontecerem estes oito aumentos, a taxa dos fundos federais estará nos 2,10% no final de 2024 (com subidas de 25 pontos base de cada vez).

 

As bolsas reagiram de imediato em queda, uma vez que o consenso dos economistas apontava para apenas duas subidas dos juros no próximo ano. No entanto, Powell disse que a economia dos EUA conseguirá aguentar o impacto da variante ómicron do coronavírus, o que levou algum otimismo a Wall Street e fez os índices regressarem aos ganhos.

 

Jerome Powell, que falou após a divulgação do comunicado, declarou ainda que a Reserva Federal não subirá juros antes de o "tapering" ter terminado - o que ajudou a um maior ânimo das bolsas. Os investidores também ficaram satisfeitos com o facto de o presidente do banco central já não estar a usar o termo "transitório" para descrever a subida dos preços. "É sinal de que a Fed está a levar a inflação a sério", sublinha a CNN.

 


(notícia atualizada pela última vez às 20:39)

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