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Brainard defende subida dos juros da Fed já em março
A Reserva Federal norte-americana (Fed) voltou a sublinhar a posição "hawkish", já sinalizada pelo seu presidente, Jerome Powell. A governadora Lael Brainard veio dizer que o banco central está pronto para subir as taxas de juro.
A número dois da Reserva Federal norte-americana (Fed), Lael Brainard, assegurou esta quinta-feira, diante do Congresso dos EUA, que o banco central está pronto para aumentar as taxas de juro já em março, caso a medida seja imprescindível para combater a inflação.
"[A Fed] projetou vários aumentos ao longo do ano", explicou Brainard, respondendo a uma pergunta durante a sua audiência de confirmação perante o comité bancário do Senado. "Estaremos em condições de fazer isso assim que as compras de ativos forem encerradas", disse, referindo-se à redução gradual da compra de ativos (tapering), que se prevê terminar em março.
"Temos uma ferramenta poderosa e vamos usá-la para reduzir a inflação ao longo do tempo", garantiu Brainard. A economista foi indicada pelo presidente Joe Biden como vice-presidente do Fed, sucedendo a Richard Clarida que renunciou este mês antes do final de seu mandato.
Há dois dias, Jerome Powell também assegurou diante do Congresso que a Fed está preparada para usar todos os instrumentos que tem à disposição para fazer face à inflação.
"Se tivermos de subir mais as taxas de juro ao longo do tempo, iremos fazê-lo", afirmou Powell. "Vamos precisar de estabilidade dos preços" e "vamos usar as nossas ferramentas para trazer a inflação de volta" aos níveis ambicionados pelo banco central (ou seja, uma taxa próxima de 2%).
O presidente da Fed explicou que tanto o staff do banco central como a generalidade dos economistas esperava que, por esta altura, a inflação já estivesse a aliviar, mas que os constrangimentos nas cadeias de abastecimento estão a prolongar a situação.
Os decisores políticos do comité do mercado aberto da Fed sinalizaram, por isso, que poderão vir a subir o intervalo das taxas de juro (que atualmente se situa num intervalo entre 0% e 0,25%) três vezes este ano e outras tantas no próximo, a começar já a partir de março. Mas o mercado começa a achar que não é suficiente, com o Goldman Sachs por exemplo a apontar para quatro aumentos.
Em dezembro, a Reserva Federal norte-americana, anunciou , no final da sua reunião de dois dias, que iria duplicar o ritmo das reduções mensais ("tapering) de compra de ativos - passando assim o corte de 15 mil milhões de dólares por mês, que até então estava em vigor, para 30 mil milhões.
Recorde-se que, no âmbito dos estímulos à economia em período pandémico, a Fed começou por desembolsar biliões de dólares na compra de ativos, que entretanto reduziu para 120 mil milhões de dólares por mês.