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Fed começa a aumentar juros “em breve”. Powell surpreende e diz que pode haver sete subidas

O banco central dos EUA decidiu não mexer na taxa dos fundos federais, que se manteve entre os 0% e os 0,25%, mas sinaliza que "em breve" será apropriado começar a subir os juros diretores, indo ao encontro do que tem sido antecipado: que poderá aumentar as taxas já em março.

A BlackRock antecipa a primeira subida de juros nos EUA em 2023.
EPA
26 de Janeiro de 2022 às 19:13
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A Reserva Federal norte-americana, liderada por Jerome Powell (na foto), anunciou hoje, no final da sua reunião de dois dias, que é "apropriado" começar a subir "em breve" os juros diretores, devido à persistente inflação acima dos 2% e à robustez do mercado laboral.

"Com a inflação bem acima dos 2% e com um forte mercado de trabalho, o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) considera que em breve será apropriado subir o intervalo da taxa dos fundos federais", informou o banco central em comunicado.

 

A subida dos juros diretores poderá começar já em março, como tem sido antecipado. Nas atas da reunião de dezembro houve sinais de que a Fed poderia elevar a sua principal taxa pelo menos três vezes este ano, mas há observadores de mercado que já apontam para a possibilidade de quatro ou mesmo cinco subidas.

 

A Fed indicou também que a compra de ativos termina em março e que começará a reduzir o seu balanço a partir do momento em que iniciar a subida dos juros.

Esta decisão de subir os juros, aliada ao fim do programa de estímulos e a par da prevista redução do balanço, revela um endurecimento da política monetária nos EUA depois dos apoios pandémicos, na tentativa de combater a mais elevada inflação de uma geração, sublinha a Bloomberg.

O índice de preços no consumidor voltou a subir em dezembro nos Estados Unidos, elevando a inflação registada nos 12 meses de 2021 para 7%. Foi o nível mais rápido de subida dos preços na maior economia do mundo nos últimos 40 anos, já que é preciso recuar até junho de 1982 para encontrar valores semelhantes. Os economistas antecipam que o pico deste ciclo inflacionista será atingido nos primeiros meses deste ano.

 

Já o desemprego caiu mais depressa do que o antecipado, estando quase no nível pré-pandemia.

 

A subida dos juros diretores será a primeira desde 2018 e muitos analistas antecipam um aumento de 25 pontos base em março e uma subida total de 100 pontos base (1%) até ao final do ano.

 

O banco central, recorde-se, colocou a taxa dos fundos federais nos atuais mínimos históricos em março de 2020, quando a pandemia começou a obrigar meio mundo a confinar-se.

 

A Fed deixou de especificar março como o ponto de partida para o aumento dos juros, pelo que tudo está em aberto. Além disso, reiterou que "os riscos para o panorama económico persistem, nomeadamente devido a novas variantes do coronavírus".

 

Os índices bolsistas travaram os ganhos em Wall Street, após estes anúncios da Fed, mas permanecem em terreno positivo. Depois de um movimento de selloff que deixou as bolsas norte-americanas a caminho do seu pior mês desde o início da pandemia, há estrategas do Goldman Sachs e do Citigroup que já vieram dizer que agora é altura de comprar.

Powell diz que pode haver subidas em todas as reuniões

 

Entretanto, Jerome Powell, que falou após a divulgação do comunicado, declarou que não há ainda um calendário delineado para a subida dos juros. O presidente da Fed não descarta um aumento das taxas em todas as reuniões do FOMC, o que foi uma reviravolta face a tudo o que tem sido sinalizado até agora.

 

Até ao final do ano, o Comité Federal do Mercado Aberto tem mais sete reuniões: em março, maio, junho, julho, setembro, novembro e dezembro. Quer isso dizer que a Fed poderá subir os juros sete vezes este ano.

Powell afirmou, na conferência de impresa, que a Reserva Federal tem em mente subir os juros já em março, indo assim ao encontro do que tem sido antecipado. No entanto, salientou que a Fed ainda não tomou uma decisão e que março ainda demora a chegar. Assim, a situação económica do país pode mudar até lá, frisa a CNN Business. Ou seja, tudo pode acontecer.

 

Com estas palavras do presidente da Fed, as bolsas norte-americanas já inverteram para terreno negativo, atendendo a que ninguém esperava um discurso com um posicionamento tão "falcão".

 

O presidente da Fed sublinhou a a inflação irá descer ao longo do ano mas que, para já, os riscos inflacionistas estão ainda com uma tendência ascendente.

Powell sinalizou, assim, que as subidas dos juros poderão assim concretizar-se mais cedo e mais rapidamente do que o ritmo de aumentos mais acelerado da história recente e que se verificou em 2015, quando as subidas ocorreram "reunião sim, reunião não".

 

"Sabemos que a economia está numa situação diferente de quando começámos a subir as taxas de juro em 2015", disse. "Mais especificamente, a economia está agora muito mais sólida, o mercado laboral está muito mais robusto e a inflação está bastante acima da nossa meta de 2% - num valor muito mais elevado do que em 2015. E é provável que estas diferenças tenham implicações substanciais no ritmo adequado para os ajustes da política monetária", acrescentou.

Jerome Powell afirmou ainda que os problemas no mercado de semicondutores deverão perdurar para lá de 2023, o que contribuiu para agravar o pessimismo nas bolsas. O Nasdaq era o único dos três grandes índices que ainda se mantinha no verde mas também já perdeu o fôlego que ainda tinha e segue a cair mais de 1%.

 

(notícia atualizada pela última vez às 20:23)

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