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EUA querem dólar mais fraco e põem guerra comercial no horizonte

À chegada a Davos, o secretário do Tesouro norte-americano disse que um dólar mais fraco será bom para os Estados Unidos. Ao reiterar a mensagem "América Primeiro", Steven Mnuchin reforçou as perspectivas de uma guerra comercial promovida pelos Estados Unidos.

Reuters
24 de Janeiro de 2018 às 14:15
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"Obviamente um dólar mais fraco é bom para nós [EUA] uma vez que isso se correlaciona com comércio e oportunidades", afirmou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, à chegada ao Fórum Económico Mundial que decorre em Davos, na Suíça.

 

Com esta declaração, Steven Mnuchin incitou a especulação acerca da possibilidade de os Estados Unidos poderem promover a desvalorização do dólar enquanto estratégia de fortalecimento da capacidade exportadora das empresas americanas.

 

Esta afirmação representa ainda uma inversão de posicionamento relativamente aos anteriores líderes do Tesouro americano que, ao longo dos últimos anos, defenderam em Davos um dólar forte.

 

E Mnuchin não teme que essa desvalorização coloque em causa a posição do dólar de principal divisa de reserva: "no longo prazo, a força do dólar é um reflexo da força da economia norte-americana e o facto de ser e de que continuará a ser a principal divisa em termos de moedas dereserva".

 

O dólar tem vindo a desvalorizar nas últimas semanas, estando nesta altura em mínimos de Dezembro de 2014 contra o euro. Isto depois de ter desvalorizado acima de 14% face à moeda única em 2017, evolução que interrompeu um período de três anos consecutivos a valorizar contra a divisa europeia.

 

A tendência de desvalorização do dólar relativamente ao euro deve ser reforçada ainda este ano e nos próximos, uma vez que existe a perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE) vai iniciar (entre o final deste ano e o início do próximo) a normalização das políticas de estímulo económico em vigor, o que tenderá a apreciar a moeda única europeia.  

 

Washington diz que guerras comerciais são travadas todos os dias

 

Também em Davos, o secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, assegurou que a administração chefiada por Donald Trump vai seguir políticas destinadas a proteger as empresas exportadoras. As declarações de Wilbur Ross contribuíram ainda mais para reforçar as perspectivas de uma espécie de guerra comercial promovida por Washington.

 

"Guerra comerciais são travadas a cada dia. Portanto, há uma guerra comercial em curso há já algum tempo", atirou Ross.

 

A agência Bloomberg escreve que poderá ser esta a mensagem que o presidente americano Donald Trump se prepara para passar em Davos, na próxima sexta-feira, na primeira vez desde 2000 que o chefe de Estado dos EUA marca presença no fórum helvético.

 

Ao cabo de um ano na Casa Branca, Donald Trump está agora a acelerar no cumprimento das promessas no âmbito da "América Primeiro", designadamente no que diz respeito à prossecução de políticas proteccionistas contrárias ao multilateralismo e à globalização.

 

Ainda esta terça-feira, Trump anunciou a imposição de uma tarifa aduaneira de até 50% sobre máquinas de lavar de roupa e painéis solares importados, medida que configura o primeiro grande passo rumo ao proteccionismo prometido na campanha presidencial de 2016.

 

Críticas às críticas feitas por Berlim e Paris

 

O secretário do Comércio dos EUA respondeu às dúvidas suscitadas pelos ministros das Finanças da Alemanha e da França, considerando que o corte de impostos sobre as empresas inscrito no plano fiscal aprovado para 2018 poderá consistir na constituição de barreiras comerciais bem como violar as normas internacionais.

 

Wilbur Ross diz que é um "conceito engraçado que alguém possa queixar-se de que a redução da carga fiscal pode ser, de alguma forma, impeditiva do comércio."

 

Já Mnuchin criticou o facto de ontem o primeiro-ministro canadiano ter aproveitado a presença em Davos para colocar "pressão" sobre os Estados Unidos, isto porque Justin Trudeau falou na urgência de os EUA, o Canadá e o México renegociarem o NAFTA.

 

Numa mensagem mais tranquilizadora, Steven Mnuchin frisou que a política "América Primeiro significa que [os EUA querem] trabalhar com o resto do mundo". "O que é bom para os EUA é aquilo que é bom para o resto do mundo dado que somos um dos maiores parceiros comerciais do mundo", concluiu o líder do Tesouro.

 

Há um ano, já com Trump eleito, o presidente chinês, Xi Jinping, apresentou-se em Davos como o principal líder do mundo global e das relações económicas multilaterais, um papel que, porém, não é ainda totalmente compatível com a rigidez que a China mantém nas importações.

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