Notícia
É verdade que ninguém entende o que fazem os bancos centrais
Os bancos centrais têm discutindo bastante a necessidade de comunicação clara com o público. Talvez já saibam o que fazer para melhorar o quadro.
Um estudo publicado pelo Banco Nacional Suíço investigou dados de pesquisas do Banco de Inglaterra e descobriu que o conhecimento do britânico médio sobre o que faz o seu banco central é muito limitado.
A revelação em si não surpreende – autoridades do mundo todo estiveram em Frankfurt e lamentaram-se sobre as dificuldades para ensinar temas tão complexos à população. A parte notável é que a reputação dessas instituições seria muito melhor se pessoas comuns entendessem o que faz um banco central.
O estudo do economista do BC suíço Adriel Jost destaca que pessoas com conhecimento um pouco mais apurado das medidas do Banco da Inglaterra costumam dar mais apoio às mesmas e que os jovens, as mulheres e pessoas de classe social mais baixa estão notavelmente menos satisfeitas com a instituição. A entidade já está a tomar providências para estreitara o seu relacionamento com o público. Ainda há pouco tempo, o comandante do Banco da Inglaterra, Mark Carney, realizou palestras em escolas de Liverpool.
Durante a conferência de comunicação organizada pelo Banco Central Europeu a 15 de Novembro, o economista-chefe do Banco da Inglaterra, Andy Haldane, descreveu o problema contando que tentou explicar o trabalho dele a alunos do ensino secundário durante um encontro que, na visão inicial dele, tinha corrido muito bem. Até que no final do encontro, uma rapariga sentada na primeira fila perguntou: "Quem é você e porque é que está aqui?"
No entanto, os participantes dessa mesma conferência aproveitaram a ocasião para discutir a sinalização "odisseica" e "délfica" para os próximos passos da política monetária. Os paralelos que fazem com a mitologia grega podem mostrar porque o público tem tanta dificuldade de compreender. Para as pessoas comuns, o valor agregado pela compreensão desses jargões talvez não seja óbvio.
"Ninguém pode ser forçado a aprender", disse Jost. "Talvez as pessoas não tenham incentivo para aprender sobre política monetária, especialmente se estiverem satisfeitas com o banco central. O conhecimento de política monetária é menos necessário nas decisões quotidianas do que o conhecimento financeiro."
A análise de Jost foi publicada sob a mesma série de um estudo de dois colegas de Jost no Banco Nacional Suíço, que em Outubro argumentaram que a intensificação da comunicação pelas autoridades monetárias nos últimos anos "criou confusão em vez de clareza". Esses estudos expressam a opinião dos seus autores, não do próprio banco central.
(Texto original: Central Banks Are Right When They Say No One Understands Them)