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Draghi: Economia do Euro "no melhor momento desde a crise" suportada pelo consumo

Presidente do BCE faz um balanço positivo da actuação do banco central em 2016 e espera que a incerteza política continue a marcar 2017. BCE disposto e preparado a actuar se necessário, como fez o ano passado.

10 de Abril de 2017 às 14:12
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Mario Draghi faz um balanço positivo da actuação do banco central em 2016, um "ano difícil em muitas dimensões", que começou com elevada incerteza incluindo o risco de deflação na Zona Euro, mas "terminou com a economia no melhor momento desde a crise", lê-se no texto que abre o relatório anual da instituição publicado a 10 de Abril de 2017.

O presidente do BCE descreve a actuação do BCE perante a incerteza e os riscos, nomeadamente o reforço do programa de compra de activos decidido em março de 2016 e os empréstimos de muito longo prazo à banca, considerando que estas medidas se mostraram "muito eficazes".

Em boa parte o sucesso das medidas do BCE deve-se ao apoio que deram à confiança e à criação de emprego na Zona Euro, o que conduziu a um aumento de consumo que, por sua vez, tem permitido uma retoma sustentável da economia com o apioi também do investimento. Essa é aliás uma das características centrais da actual recuperação: mais emprego, mais consumo, mais investimento na Zona Euro como um todo e por esta ordem. Em recuperações anteriores o peso relativo do consumo foi muito menor, conclui a análise do BCE publicada no mesmo relatório. 

"Quase metade do crescimento cumulativo do PIB desde o segundo trimestre de 2016 foi explicado pelo contributo do consumo. (...) isto surge em forte contraste com a recuperação de 2009 a 2011, onde apenas 11% do crescimento cumulativo do PIB foi explicado pelo consumo. A actual recuperação tem sido muito menos dependente das exportações líquidas do que a recuperação anterior, mas também se tem mostrado mais gradual e persistente", lê-se mais à frente na análise publicada no relatório, onde o banco central explica que o aumento do consumo se deve, em boa parte, à criação de emprego  neste período que gerou mais rendimento disponível para as famílias percepcionado como permanente - ou pelo menos mais permanente do que os aumentos salariais. Além disso, a baixa inflação também ajudou a consumo. O BCE nota ainda que o aumento do consumo ocorreu sem endividamento adicional das famílias e o investimento está também a recuperar com a ajuda das políticas de Frankfurt.

"Em suma, a sustentabilidade da actual recuperação é sublinhada pelo aumento do rendimento das famílias suportada pelo aumento de emprego, o processo de desalavancagem das famílias e o alargamento dos motores do crescimento economico", lê-se no relatório.

Riscos políticos continuam 

Para 2017, Draghi defende a importância do banco central permancer vigilante. "A incerteza política deverá persistir em 2017", escreve, sinalizando ao mesmo tempo que não antevê grandes alterações de política em Frankfurt. O presidente do banco central mostra-se confiante que, apesar da incerteza, a recuperação deverá continuar apoiada nas políticas do banco central que visaram garantir a estabilidade de preços. "Este [mandato] guiou-nos bem durante 2016 - e assim continuará a fazê-lo no ano que aí vem", escreve a terminar a nota introdutória ao relatório.

Além das eleições em França e na Alemanha, este ano será também marcado pelas negociações em torno da saída do Reino Unido da União Europeia, nas quais o Draghi lembra que a posição do banco central "enfatiza a importância de preservar a integridade do Mercado Único e a homogeneidade das suas regras e da sua implementação". 

Efeitos indesejados: não são tão graves quanto por vezes se diz
  
No seu texto introdutório Draghi reconhece que a intensidade da actuação do banco central tem efeitos colaterais– "efeitos indesejados das nossas acções" – nomeadamente afectando a rendibilidade da banca – que vê as suas margens esmagadas num contexto de taxas de juro baixas – e a distribuição do rendimento na economia, tendendo a beneficiar devedores e detentores de activos, e a prejudicar credores. Mas ao mesmo tempo que reconhece esses efeitos, Draghi e o relatório desvalorizam-nos, ou pelo menos defendem que é preciso cautela no veredicto final sober os impactos das medidas do BCE.

Sobre os efeitos das políticas do BCE sobre a distribuição de rendimentos, "mostramos, que no médio prazo, a política monetária tem efeitos distributivos positivos ao reduzir o desemprego, que beneficia mais ss famílias mais pobres", defende Draghi. Sobre os efeitos na banca, o presidente do BCE considera que é preciso analisar caso, a caso, uma vez que a capacidade dos bancos se adaptarem "depende dos seus modelos de negócios específicos".  

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