Mário Centeno considera que a decisão de política monetária a tomar pelo BCE na reunião de setembro será "fácil" e passa por um corte das taxas de juro. O governador do Banco de Portugal e membro do conselho de governadores da autoridade monetária europeia disse esta sexta-feira, numa entrevista à Bloomberg TV no simpósio da Reserva Federal de Jackson Hole, que é "claro que o movimento mais provável em termos de política monetária é continuar a cortar as taxas".

Depois de setembro, a decisão estará dependente dos dados, referiu o ex-ministro das Finanças, em declarações pouco antes de o presidente da Fed, Jerome Powell, ter dito que "chegou o momento de ajustar a política monetária", deixando implícito um corte das taxas nos EUA também em setembro. Centeno defendeu anteriormente que o BCE procedesse a "alguns" cortes até final do ano.   

"Outubro vai ser uma reunião engraçada. Estará sempre dependente dos dados. Mas não de pontos de dados, mas de trajetórias de dados. Não olhamos para pontos de dados, olhamos para tendências de dados", disse Centeno no encontro anual de responsáveis dos bancos centrais mundiais que decorre num resort no estado norte-americano do Wyoming.

Os dados mais recentes da inflação ficaram acima do esperado, com os aumentos dos preços dos serviços ainda elevados. Contudo, os sinais positivos do abrandamento dos salários, um elemento que a presidente do BCE, Christine Lagarde, tem considerado fulcral para travar a inflação, podem fazer com que os responsáveis do banco decidam por um corte na reunião de 12 de setembro.