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Constâncio trava especulação sobre retirada dos estímulos e garante que mudanças não serão "imediatas"

O vice-presidente do BCE mostra preocupações com a recente apreciação do euro, que "não reflecte os fundamentais", e sublinha que as mudanças na política do banco central não serão "imediatas".

Bruno Simão/Negócios
17 de Janeiro de 2018 às 10:01
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Depois de os relatos da última reunião do Banco Central Europeu (BCE) terem aumentado a especulação em torno da retirada antecipada dos estímulos à economia, Vitor Constâncio vem pôr água na fervura.

 

Em entrevista ao italiano La Repubblica, o vice-presidente da autoridade monetária avisa que há o risco de uma apreciação injustificada da moeda única, e que os responsáveis pela política monetária da Zona Euro não estão com pressa para alterar a sua comunicação sobre o programa de estímulos.

 

"Estou preocupado com movimentos bruscos que não reflectem mudanças nos fundamentais", afirmou Constâncio, referindo-se à recente apreciação da moeda única, que escalou para máximos de Dezembro de 2014, a beneficiar da expectativa de que o BCE possa retirar os estímulos à economia mais cedo do que o previsto.

 

"Olhando para os fundamentais, a inflação recuou ligeiramente em Dezembro", continuou o responsável.

 

Vítor Constâncio defendeu mesmo que o banco central não deve "sufocar o crescimento" demasiado cedo e não deu sinais de uma mudança na orientação do BCE na próxima reunião do Conselho, a 25 de Janeiro. Nesta altura, o compromisso da autoridade monetária é continuar com o programa de compra de obrigações até Setembro, e estendê-lo para além dessa data, se necessário.  

 

"Vemos a necessidade de um ajustamento gradual de todos os elementos do nosso ‘guidance’, se a economia continuar a crescer e a inflação continuar a avançar em direcção ao nosso objectivo", disse Constâncio. "Isso não significa que as mudanças serão imediatas".

 

O esclarecimento do vice-presidente do BCE surge depois de os relatos da última reunião da autoridade monetária, divulgados na semana passada, terem mostrado abertura, por parte do banco central, para ajustar a sua comunicação com o mercado no sentido de sinalizar uma retirada dos estímulos monetários de forma mais célere do que o previsto actualmente.

 

Essa sugestão levou o euro a disparar para máximos de três anos, com o mercado a antecipar uma normalização mais rápida da política monetária. Uma ideia a que o vice-presidente do BCE coloca agora um travão, salientando que as mudanças não serão "imediatas" e que os juros só vão subir bem depois de terminarem as compras de activos.

 

Já hoje, o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, afirmou que as expectativas dos analistas que apontam para o início do ciclo de subida de juros na Zona Euro em meados do próximo ano são "realistas".  

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