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Coeure diz que a Zona Euro “precisa de ser reformada” antes da próxima crise

Benoit Coeure, da Comissão Executiva do BCE, não tem dúvidas ao afirmar que a área do euro “precisa de ser reformada”, caso contrário os limites do mandato do banco central podem ser testados na próxima crise. Identificou três linhas de actuação para os Estados-membros.

Bloomberg
02 de Fevereiro de 2018 às 12:55
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Os ciclos económicos contam com tempos de bonança, mas também de crise. E apesar da última crise que a Zona Euro enfrentou (a crise da dívida soberana) parecer estar ultrapassada, uma outra acabará por afectar a área da união monetária. Quando, como, de que tipo e qual a dimensão que essa crise terá, não é possível assegurar nesta altura.

E para que o mandato do Banco Central Europeu (BCE) não seja puxado até aos seus limites, a união monetária tem de ser fortalecida e os Estados-membros da Zona Euro têm de fazer o trabalho de casa. É pelo menos esta a posição de Benoit Coeure, membro da Comissão Executiva do BCE.

"Sem mais reformas, a próxima crise poderá forçar o BCE a testar os limites do seu mandato", assumiu Coeure, num discurso proferido em Liubliana (Eslovénia), esta sexta-feira, 2 de Fevereiro, e citado pela Bloomberg. "Assumir que a expansão económica actual vai curar todas as feridas é ser-se ingénuo. A Zona Euro precisa de ser reformada".

Para o membro da Comissão Executiva do BCE, sem reformas e "dependendo da natureza da próxima crise, a acção política pode exigir levar as taxas de juro de curto prazo para um território ainda mais negativo". "Ou pode exigir a compra de activos que são mais arriscados que a dívida pública e das empresas. Ou levar-nos a ficar demasiado próximos do financiamento monetário dos governos", apontou.

Para evitar a repetição de um cenário idêntico ao de 2009, quando a crise da dívida soberana assolou a Zona Euro e os governos estavam mal preparados para a enfrentar, Coeure destacou três pontos que devem ser desenvolvidos pelos membros da Zona Euro de forma a fortalecer o bloco económico.

Em primeiro lugar, ter mercados financeiros flexíveis são "indispensáveis", referiu, citado pela Bloomberg. É que se os mercados forem flexíveis conseguem absorver os choques sem que haja o desperdício de capital político. Em segundo lugar, e mesmo que os mercados do euro estejam flexíveis é necessário que os governos consigam mitigar as consequências económicas provocadas pela crise, como é o caso do desemprego, que tendencialmente vai ser elevado.

Por último, "a Zona Euro precisa de um instrumento financeiro que ajude a lidar com os grandes choques sem que tenha de depender excessivamente do BCE". Apesar de Coeure considerar que o Mecanismo Europeu de Estabilidade é uma salvaguarda importante, as suas competências deviam ser melhoradas, acredita.

Reconhecendo que este terceiro ponto é algo que exige tempo, o membro do BCE considera que os governos não devem perder tempo e fazer dos dois primeiros pontos "prioridades". "Alcançar uma estabilidade económica duradoura requer que seja encontrado um equilíbrio entre a disciplina e a flexibilidade nas economias", disse. "Isto vai tanto fortalecer o euro e vai ajudar a aliviar a pressão e o fardo do BCE em tempos de crise", acrescentou.

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