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BCE mantém taxa de juro no mínimo histórico de 0,05%
Como previsto, o Banco Central Europeu manteve a taxa de juro nos 0,05%. Os mercados vão estar agora atentos à conferência de imprensa das 13h30, onde Mario Draghi deverá abordar o novo programa de compra de activos, assim como a situação na Grécia, e divulgar novas previsões económicas para a Zona Euro.
O Banco Central Europeu (BCE) deixou esta quinta-feira, 5 de Fevereiro, as suas taxas inalteradas. Era esta a expectativa unânime dos economistas consultados pela Bloomberg que consideraram que não iria haver mexidas nas taxas na segunda reunião deste ano.
Os mercados vão estar agora atentos às palavras de Mario Draghi na habitual conferência de imprensa às 13h30 que vai ter lugar em Nicósia, capital do Chipre.
O presidente do banco central deverá dar mais detalhes sobre o programa de compra de activos anunciado na reunião de Janeiro. Ao mesmo tempo, vai anunciar novas estimativas de crescimento e inflação para a Zona Euro e debruçar-se sobre a Grécia.
As taxas do banco central mantêm-se assim em mínimos históricos, inalteradas desde Setembro. A taxa de juro directora fica nos 0,05%, isto é, os bancos pagam este juro para se financiarem junto do BCE.
A taxa de juro de depósitos mantém-se num valor negativo (-0,20%), o que implica que os bancos têm de pagar para depositar dinheiro nos cofres da instituição. Isto pretende evitar que os bancos parqueiem o dinheiro em Frankfurt.
Já a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez fica nos 0,30%. Este é o juro que o BCE cobra aos bancos quando efectua empréstimos diários a estas instituições.
Investidores atentos a palavras sobre programa de compras e previsões
Dois temas vão dominar parte da conferência de imprensa desta quinta-feira. Primeiro, a expansão quantitativa. Este programa deve entrar em vigor ainda em Março e prevê comprar um bilião de euros em activos, principalmente dívida pública, ao ritmo de 60 mil milhões de euros mensais até Setembro de 2016.
Nesta altura, ainda existem muitas dúvidas no ar sobre este programa. Uma das principais questões que se coloca é qual o montante de dívida soberana portuguesa que o BCE vai comprar? A presidente do IGCP, instituto que gere a dívida pública, estima que este valor seja de 16 a 17 mil milhões de euros.
Outra questão importante, é como é que o BCE vai lidar com a possível falta de obrigações no mercado? Com quotas estabelecidas por país, os especialistas apontam que poderá não haver dívida alemã suficiente no mercado.
O segundo tema em destaque vai ser a divulgação de novas estimativas de crescimento e de inflação por parte da autoridade monetária para a região da moeda única. Na última reunião do ano passado, o BCE reviu em baixa a sua previsão de crescimento para este ano (de 1,6% para 1%), assim como a de inflação (de 1,1% para 0,7%).
A inflação permanece em terreno negativo. Apesar de ter recuperado face aos -0,6% de Janeiro, a taxa registou uma contracção de -0,3% em Fevereiro.
Em relação ao crescimento, o BCE poderá seguir as pisadas da Comissão Europeia que em Fevereiro reviu em alta a perspectiva de crescimento económico para a Zona Euro: de 1,1% para 1,3%.
Já em relação ao desemprego, a taxa recuou em Janeiro para o valor mais baixo na Zona Euro desde Abril de 2012 (11,2%), com Grécia (25,8%), Espanha (23,4%) e Chipre (16,1%) a liderarem.
Financiamento a bancos gregos e dívida helénica
Outro tema em destaque na conferência de imprensa vai ser a Grécia. Por um lado, existe a questão do financiamento para os bancos gregos. Com o prazo a expirar para a Grécia chegar a acordo com os parceiros europeus, o BCE deixou de aceitar dívida grega como colateral para emprestar dinheiro aos bancos. O momento foi particularmente sensível pois a instabilidade política na Grécia provocou uma corrida aos bancos nos últimos meses.
Isto levou Frankfurt a abrir a linha de liquidez de emergência (ELA, na sigla em inglês) para os bancos gregos que neste momento se encontra nos 65 mil milhões de euros. Esta linha é revista bimensalmente pela Comissão Executiva do BCE.
Depois de alcançado um acordo para a Grécia, resta saber se o BCE vai voltar a aceitar dívida grega como garantia ou se volta a aumentar a linha de liquidez de emergência.
Por outro lado, Atenas tem insistido na necessidade de ir aos mercados para financiar-se em dívida de curto prazo. Actualmente, o Governo de Alexis Tsipras tem um limite de emissão de 15 mil milhões de euros em dívida de curto prazo, que renova constantemente.
No entanto, Atenas pretende aumentar este limite para fazer face às suas necessidades de financiamento. Agora, com o acordo fechado para mais quatro meses com os parceiros internacionais, o BCE poderá ser sensível aos argumentos do Governo Tsipras.