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BCE céptico sobre adiamento de metas de défice na Europa
O presidente do BCE não deixou passar em branco a decisão europeia de avançar com a flexibilização das metas de défice em vários países. Tal deveria ser um acontecimento excepcional e sujeito a condicionalidade, defende.
O BCE considera que o adiamento de metas de défice na Europa deveria acontecer apenas em situações excepcionais e obrigando os países visados a adoptar reformas estruturais. “É muito importante que as decisões do Conselho Europeu de estender o período temporal para corrigir os défices orçamentais excessivos permaneçam reservadas para circunstâncias excepcionais”, afirmou esta quinta-feira Mario Draghi na habitual conferência de imprensa mensal em Frankfurt.
Na semana passada a Comissão Europeia recomendou que o Conselho Europeu flexibilize as datas limite para a correcção dos défices excessivos para seis países, um deles Portugal. Os outros visados foram Espanha, França, Holanda, Polónia e Eslovénia.
Na primeira reunião após a decisão da Comissão, o BCE tornou claro que teme uma banalização da flexibilização das metas o que, diz Draghi, terá um preço a pagar nos mercados mais tarde ou mais cedo. “Se um país consegue um adiamento e passados um ou dois anos volta com um défice ou dívida superior” os mercados não vão gostar e “vão acabar por penalizar estes países”, defendeu.
E por isso reforçou: “as extensões devem ser concedidas em situações excepcionais e deveriam ser complementadas com o compromisso dos países de adoptar reformas estruturais”, afirmou Mario Draghi, lembrando que os países com problemas orçamentais enfrentam muitas vezes problemas de “falta de competitividade”, pelo que precisam de melhorar o seu potencial de crescimento.
O presidente do BCE completou o tema deixando um aviso aos Governos: “não estejam demasiado optimistas em relação às actuais condições de mercado”, pois estas poderão não durar para sempre. Especialmente se as reformas atrasarem.