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BCE abre a porta a retirada mais rápida dos estímulos
O euro reagiu em forte alta à divulgação dos relatos da última reunião do Banco Central Europeu.
Os responsáveis do Banco Central Europeu mostraram abertura para ao longo deste ano ajustar a sua comunicação com o mercado para sinalizar uma retirada dos estímulos monetários de forma mais célere do que o previsto actualmente.
Nos relatos da reunião de Dezembro do BCE, o conselho do banco central (comissão executiva e governadores) diz que entre os responsáveis do banco central é "amplamente partilhada" a ideia de que a comunicação terá de evoluir ao longo do ano em linha as perspectivas para o crescimento e a inflação.
O BCE está assim a abrir a porta a uma alteração na linguagem que está a passar aos mercados quanto aos próximos passos da sua política monetária.
Com estas palavras o mercado está a interpretar que a autoridade monetária poderá remover os estímulos monetários de forma mais célere do que o actualmente previsto, o que está a ter impacto, sobretudo no mercado cambial. O euro está a subir perto de 1% e a negociar acima dos 1,20 dólares. No mercado da dívida a "yield" das obrigações alemãs a 10 anos está a agravar-se em 3 pontos base para 0,57%, invertendo a tendência de queda registada de manhã.
Ontem a Bloomberg já noticiava que estava a aumentar a pressão dos "falcões" do BCE para que a autoridade monetária declare um fim definitivo do programa de compra de activos.
No ano passado, o BCE, no âmbito do seu programa de estímulos monetários, comprava até 60 mil milhões de euros de obrigações. Contudo, a autoridade monetária liderada por Mario Draghi determinou, ainda no ano passado, que o programa de estímulo ia ser revisto, passando a autoridade monetária a continuar a comprar mensalmente obrigações mas até um máximo de 30 mil milhões de euros a partir de 1 de Janeiro. Uma medida que vai prolongar-se, pelo menos, até Setembro de 2018.
Após a divulgação dos relatos da reunião de Dezembro, o Commerzbank espera agora uma alteração na linguagem do banco central já no início deste ano, que deverá começar por deixar cair a promessa de ter o programa de compras activo até a inflação (actualmente em 1,4%) atingir a meta dos 2%.
"A grande alteração é que, qualquer alteração na comunicação, aconteça em Março ou em Junho, seja gradual ou profunda, parece agora ser apoiada pela maioria dos membros do conselho do BCE", disse à Bloomberg Frederik Ducrozet, do Banque Pictet.
A economia europeia tem dado sinais de que vai em 2018 prolongar o ritmo de crescimento robusto que registou no ano passado. Se tal se confirmar, o BCE poderá comunicar ao mercado que vai alterar a sua política de estímulos.