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Banco de Inglaterra alerta que riscos para estabilidade financeira continuam elevados

A autoridade monetária britânica divulgou o relatório onde assinala que os riscos para a estabilidade financeira no Reino Unido são elevados e salientou que um Brexit desordeiro pode ter um efeito prejudicial para a economia e banca.

Bloomberg
30 de Novembro de 2016 às 08:18
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Os riscos para a estabilidade financeira no Reino Unido continuam elevados. O alerta foi dado pelo Banco de Inglaterra no Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado nesta manhã de 30 de Novembro e citado pela Bloomberg. A autoridade monetária tornou ainda claro que um Brexit desordeiro pode ter efeitos prejudiciais para a economia e para o sistema financeiro do país.

Uma parte significativa das actividades financeiras na Europa está centrada em Londres. Por isso, algo que obrigue as empresas a mudarem as suas operações ou serviços representa um perigo potencial quer para o Reino Unido quer para a União Europeia. "Se qualquer desses ajustamentos tiver lugar num curto período de tempo, pode haver um risco maior de perturbação nos serviços prestados à economia real europeia, o que pode chegar à economia britânica através das ligações comerciais e financeiras", refere o Banco de Inglaterra no Relatório de Estabilidade Financeira.

O Governo britânico quer começar as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia até ao final de Março do próximo ano. Apesar das negociações ainda não terem arrancado, uma das coisas que Londres pode perder ao sair do bloco económico europeu é acesso ao mercado único. A confirmar-se isso poderá ter efeitos para o sector financeiro que, nomeadamente, pode deixar de beneficiar dos direitos do passaporte comunitário bancário. Além disso, com a saída do bloco europeu e para manter relações comerciais com o resto da Europa terão ser negociados novos acordos.


Há alguns dias, de acordo com a Bloomberg, o governador Mark Carney (na foto) tinha já se manifestado favorável a um período de transição alargado para ajudar as empresas a ajustarem-se aos nos relacionamentos comerciais que vão ser estabelecidos.

Em termos de riscos mundiais, o Banco de Inglaterra considera que há um aumento da vulnerabilidade desde Julho, mês em que foi divulgado o último relatório sobre o tema. Entre os pontos que podem criar mais vulnerabilidade estão os riscos de uma diminuição do comércio mundial dos Estados Unidos após a vitória de Donald Trump nas presidenciais mas também o referendo em Itália – que se realiza no domingo – e as eleições na França e na Alemanha no próximo ano.


"As perspectivas para a estabilidade financeira no Reino Unido continuam desafiantes". "A economia entrou num período de ajustamento após o referendo à permanência na União Europeia. A possibilidade de alguns riscos específicos para o Reino Unido se materializem continuam elevados".

Maior ameaça à estabilidade do Reino Unido é externa

Pouco depois de terem sido divulgados os resultados dos testes de stress à banca britânica, Mark Carney (na foto) deu uma conferência de imprensa onde começou por assinalar que o sistema financeiro britânico "resistiu relativamente bem" à turbulência que existiu este ano. Entre os focos de incerteza e turbulência esteve o referendo britânico à permanência na União Europeia e o seu desfecho, de acordo com o The Guardian.

O líder da autoridade monetária britânica alertou que os riscos mais significativos para a banca são mundiais. Por um lado está a China, cuja fuga de capitais pode ser acelerada com a subida dos juros nos Estados Unidos, algo que pode acontecer já em Dezembro. Por outro, a Zona Euro. Carney, escreve o jornal inglês, sugeriu que a Zona Euro pode representar uma ameaça adicional à estabilidade financeira do Reino Unido no futuro se o Brexit prejudicar a economia da União Europeia.


Sobre os testes à banca – que apenas o Royal Bank of Scotland falhou – Carney referiu que: "o sistema financeiro britânico mostrou a sua capacidade para atenuar, não ampliar, uma série de choques".

Mark Carney foi instado ainda a responder sobre o Brexit e sobre um processo "ordenado", uma expressa que usou. O governador do Banco de Inglaterra assinala que é preferível que o processo seja o mais suave possível, tal como a primeira-ministra Theresa May já tinha assinalado. "É preferível que as empresas saibam o máximo possível sobre o desfecho desejado e o rápido possível sobre o caminho potencial [que vai ser seguido] para esse desfecho", disse.

Numa altura em que as empresas estão já a ponderar como é que a saída do Reino Unido vai afectar as suas operações "um decreto de clareza quando for apropriado vai ajudar a prometer um processo de Brexit suave e ordeiro".


Ainda sobre este tema, Carney foi questionado se esperava que a primeira-ministra revelasse os seus planos quando accionar o Artigo 50, dado que os bancos de investimento precisam de dois anos para sair do Reino Unido. O líder do Banco de Inglaterra acredita que, em média, os bancos precisam de menos tempo e reiterou a necessidade de clareza. Isto porque, escreve o The Guardian citando o responsável, quanto mais abrupta for a transição, maior o risco de perturbação nos serviços financeiros.

 

 

(Notícia actualizada às 09:04 com informações da conferência de impresa)

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