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Abrandamento (ainda) não preocupa Draghi mas pode adiar decisão sobre estímulos

O presidente do BCE confirmou que a economia europeia está a registar um crescimento "mais moderado", embora permaneça consistente com a expansão da economia a um ritmo "sólido".

Reuters
Nuno Carregueiro nc@negocios.pt 26 de Abril de 2018 às 20:48

Não houve surpresas na reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Como se esperava, o comunicado do banco central foi igual ao da reunião de Março, com Mario Draghi a manter intacto o programa de estímulos, bem como a promessa de deixar os juros em níveis historicamente baixos no médio prazo. Apesar da ausência de novidades, as declarações do presidente do BCE na conferência de imprensa foram relevantes, pois o mercado interpretou que não está para breve decisões sobre quando vai o programa de estímulos vai acabar ou voltar a ser reduzido.


Numa altura em que a economia europeia está a dar sinais de abrandamento, as atenções dos jornalistas e analistas centraram-se nas perspectivas de Mario Draghi sobre o assunto. O presidente do BCE confirmou que a economia europeia está a crescer a um ritmo "mais moderado" e que os membros do Conselho do BCE ocuparam grande parte do tempo da reunião a debater este tema, não tendo mesmo gasto tempo a discutir alterações na política monetária do banco central, classificando de "prematuro" avançar com uma data para tal acontecer.


Na análise que fez ao actual estado da economia europeia, o Conselho do BCE concluiu que apesar do período de abrandamento, a economia continua a registar uma expansão "sólida". Além disso, o banco central permanece confiante em que a inflação vai convergir para a meta da autoridade monetária (inflação próxima mas abaixo dos 2%).  


Draghi assinalou que este crescimento mais moderado está a ser abrangente (ou seja, na grande maioria dos países e sectores), que alguns indicadores macro-económicos registaram quedas "acentuadas" e de alguma forma inesperadas, embora também existam factores temporários (como greves e a metereologia) para explicar esta tendência.


O banco central sinaliza assim que necessita de mais tempo para analisar se esta é apenas uma "normalização face a um período de forte crescimento" (em 2017 o PIB da Zona Euro cresceu ao ritmo mais forte em 10 anos), ou uma tendência de abrandamento que poderá durar mais tempo.


Decisões em Setembro?


E apesar de, para já, Draghi não mostrar grande preocupação com este abrandamento da economia, as suas palavras foram interpretadas pelos analistas como um adiamento na tomada de decisões sobre a redução dos estímulos.


O presidente do BCE lembrou que é necessária "prudência, paciência e persistência" para que a política monetária produza os efeitos desejados. E os analistas já começaram a alterar as datas em que perspectivam que serão conhecidas as novidades.

Se há algumas semanas se apostava que seria em Junho que o BCE iria anunciar a redução dos estímulos, agora já se fala de Setembro, que é precisamente o mês em que termina o actual programa de compra de activos. É o caso do Commerzbank, que numa nota emitida na tarde de quinta-feira escreveu: "é pouco provável que o Conselho [do BCE] tome decisões sobre o futuro da política monetária na próxima reunião de Junho, uma vez que o banco central quer primeiro avaliar o grau de abrandamento da economia. Só na reunião de Setembro deverá determinar se continua com a compra de activos em Outubro".

Esta percepção teve impacto nos mercados, com o euro a cair para mínimos de Janeiro e os juros da dívida soberana europeia a corrigirem. Nas bolsas o efeito foi positivo.

Draghi elogiou Constâncio na última conferência do português no BCE.

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