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União Europeia avisa EUA que vai retaliar e aplicar tarifas a produtos norte-americanos

Apesar do aviso, que subiu agora de tom face a alertas semelhantes já feitos, o comissário europeu sublinhou na sua intervenção que a UE e os Estados Unidos têm a "responsabilidade conjunta de se sentar e negociar um acordo equilibrado de forma a pôr estas disputas de lado".

Reuters
16 de Janeiro de 2020 às 14:58
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A Comissão Europeia avisou hoje, nos Estados Unidos, que vai retaliar e avançar com tarifas adicionais a produtos norte-americanos dadas as taxas aduaneiras de 25% na agricultura e de 10% na aeronáutica impostas pela administração de Donald Trump.

"Lamentamos a opção dos Estados Unidos em avançar com tarifas no caso da Airbus, mas isso deixa a União Europeia [UE] sem outra alternativa a não ser aplicar as suas próprias tarifas no caso da Boeing", avisou hoje o comissário europeu para a área do Comércio, Phil Hogan, intervindo num evento do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.

Phil Hogan, que está nos Estados Unidos para uma série de reuniões com a administração norte-americana, aludia à disputa comercial entre Washington e Bruxelas criada por ajudas públicas à aviação norte-americana (Boeing) e europeia (Airbus).

Apesar do aviso, que subiu agora de tom face a alertas semelhantes já feitos, o comissário europeu sublinhou na sua intervenção que a UE e os Estados Unidos têm a "responsabilidade conjunta de se sentar e negociar um acordo equilibrado de forma a pôr estas disputas de lado".

"A imposição de tarifas umas atrás das outras não é do interesse de ninguém a longo prazo. As tarifas são, na realidade, apenas outra forma de tributação para empresas e consumidores, reduzindo o crescimento económico, salários e empregos", frisou Phil Hogan, no discurso a que a Lusa teve acesso.

O responsável adiantou ter apresentado "propostas concretas" aos Estados Unidos, nomeadamente ao seu representante para esta área, Robert E. Lighthizer, para "subsídios claramente identificados e sobre o apoio futuro aos nossos respetivos setores aeronáuticos", mas não pormenorizou.

"Esse é o verdadeiro desafio [chegar a um consenso]. Se nos continuarmos a derrotar, os riscos futuros significam perder para novos concorrentes", concluiu, numa alusão à ascensão económica de outras potências, como a China.

No início de outubro passado, a Organização Mundial de Comércio (OMC) decidiu a favor dos Estados Unidos e autorizou o país a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.

Esta foi a sanção mais pesada alguma vez imposta por aquela organização.

Entretanto, em dezembro passado, os juízes da OMC defenderam que estas tarifas adicionais deviam ser reduzidas em cerca de dois mil milhões de dólares para perto de cinco mil milhões de dólares (quase o mesmo em euros).

Com esta permissão, estão em causa taxas aduaneiras de 10% na aeronáutica e de 25% na agricultura em toda a UE.

O que Bruxelas pretende agora fazer é adotar medidas semelhantes quando tiver 'luz verde' da OMC, já que Washington também foi considerado culpado por apoiar a Boeing.

O comércio transatlântico de bens e serviços entre a UE e os Estados Unidos equivale a mais de três mil milhões de dólares por dia (quase o mesmo em euros).
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