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Trump quer que Sessions termine investigação sobre a Rússia. Casa Branca desmente ordem

O presidente norte-americano defendeu que o procurador-geral Jeff Sessions deve "parar esta caça às bruxas imediatamente", referindo-se à investigação de Robert Mueller sobre as alegadas ligações da campanha presidencial de Trump a Moscovo. Casa Branca veio entretanto garantir que esta é uma opinião de Trump e não uma ordem dirigida a Sessions.

Reuters
01 de Agosto de 2018 às 20:19
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Donald Trump continua a braços com a investigação em curso sobre o suposto conluio entre elementos da sua campanha às eleições americanas de 2016 e o Kremlin. E não está satisfeito. Esta quarta-feira, no Twitter, o presidente dos Estados Unidos defendeu que o seu procurador-geral (equivalente a ministro da Justiça), Jeff Sessions, tem de "parar esta caça às bruxas imediatamente", defendendo que a mesma coloca em causa os interesses americanos.

Trump referia-se à investigação em curso liderada pelo conselheiro especial Robert Mueller acerca das ligações entre elementos ligados à campanha presidencial de Trump, entre os quais o filho e o genro, e Moscovo.


Entretanto a Casa Branca prontificou-se a esclarecer que a mensagem dirigida por Trump a Sessions "não é uma ordem". "É uma opinião do presidente", esclareceu a porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders rejeitando liminarmente que Donald Trump esteja a tentar obstruir o trabalho da justiça.

A Casa Branca tenta assim emendar a mão no que é mais um caso inédito e que consiste num presidente dar uma ordem (ou opinião) para que seja interrompida uma investigação que o implica a si próprio e que, em última instância, poderia redundar num processo de destituição.

Seja como for, parece difícil desmentir que Donald Trump está a tentar interferir num processo judiciário, colocando em causa a separação de poderes, um valor sagrado para a democracia dos Estados Unidos - conhecida pelo eficaz sistema de pesos e contrapesos. Ao longo deste ano e meio como presidente, Trump tem sistematicamente tentado subverter, ou pelo menos contornar, as restrições ao poder presidencial.

O congressista democrata, Adam Schiff, membro do comité de inteligência da câmara baixa do Congresso dos EUA, afirmou, também no Twitter, que a acção de Trump "é uma tentativa para obstruir a justiça".


O presidente americano tem o poder de nomear e dispensar o procurador-geral, sendo que, apesar de ter sido Trump a escolher Sessions, a relação entre ambos já conheceu melhores dias. Apesar de ter recusado interferir, Jeff Sessions tem, por sua vez, poder para inviabilizar a investigação de Mueller.

Os motivos de Trump

Segundo a imprensa norte-americana, o "tweet" de Trump desta quarta-feira terá sido provocado pelo início, esta terça-feira, do primeiro julgamento do ex-chefe da sua campanha presidencial, Paul Manafort, que foi processado judicialmente pela equipa liderada pelo republicano Mueller, estando acusado de 18 crimes financeiros.

Trump faz questão de frisar que o processo de Manafort não está relacionado com nenhum tipo de conspiração com a Rússia. Há poucos dias, o presidente dos EUA garantiu que nenhum elemento da sua campanha conspirou com o Kremlin, sublinhando que mesmo que isso tivesse acontecido tal não configura crime.

Apesar de no julgamento de Manafort não constarem elementos relacionados com qualquer cooperação entre a campanha de Trump e Moscovo, nos cinco meses em que liderou a equipa do então candidato à Casa Branca, aquele manteve contactos com a Ucrânia e a Rússia.

Também recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou 12 membros dos serviços de informações da Rússia de terem interferido nas eleições presidenciais americanas realizadas em Novembro de 2016.

Este tema assumiu papel central na cimeira bilateral entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, que teve lugar em Helsínquia. Nessa cimeira, Trump assegurou que Moscovo não interferiu no processo eleitoral que o próprio acabou por vencer, colocando em causa o trabalho da equipa de Mueller e também dos serviços de informações americanos.

Perante as fortes críticas vindas de todos os sectores políticos norte-americanos, quando regressou aos EUA, Trump foi obrigado a contradizer-se garantindo confiar plenamente no trabalho dos serviços americanos.

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