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Trump aprovou ataque contra o Irão e desistiu abruptamente
Os episódios de discórdia entre o Irão e os Estados Unidos somam-se. O último não terá desembocado numa ação militarizada por pouco: o presidente norte-americano cancelou o ataque quando este já estava a ser preparado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou um ataque militar contra o Irão em resposta à destruição por parte dos iranianos de um drone americano com fins de espionagem. Contudo, o presidente terá recuado repentinamente, de acordo com o reportado pelo The New York Times.
Os motivos que levaram Trump a desistir da investida sobre o Irão não são claros. Os ataques estavam previstos para a noite de quinta-feira e visavam múltiplos alvos dentro do território iraniano, mais especificamente estruturas como radares ou baterias de mísseis.
Até às sete da tarde os planos estariam de pé, segundo as mesmas fontes. A publicação americana cita vários membros da administração que foram informados acerca das operações previstas. Aviões militares e embarcações estariam já a preparar-se para atacar o país do Médio Oriente quando a operação caiu por terra por ordem do presidente.
O ataque estava planeado depois de o Irão ter anunciado que destruiu um drone de espionagem americano que circulava no seu espaço aéreo, esta quinta-feira, 20 de junho. O episódio foi confirmado pelo Pentágono na mesma manhã e, já da parte da tarde, chegou uma primeira reação do presidente dos Estados Unidos: o "Irão cometeu um erro muito grande!", escreveu no Twitter. Horas depois, mudou o tom, e optou por desvalorizar o incidente: "Imagino que tenha sido um general ou alguém que tenha cometido um erro ao abater o drone por engano. É difícil acreditar que tenha sido intencional. Pode ter sido alguém estúpido", disse Trump na Sala Oval.
Do lado do Irão, a tónica foi mais severa: "Nós defenderemos o espaço aéreo do Irão e as fronteiras marítimas com tudo o que pudermos", declarou o secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Ali Shamkhani, citado por uma agência de notícias controlada pelo governo. Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, respondeu às alegações dos americanos de que o drone estaria a sobrevoar águas internacionais: "Vamos levar esta nova agressão perante a ONU e mostrar que os Estados Unidos mentem quando dizem que o drone estava sobre águas internacionais", escreveu no Twitter. "Os Estados Unidos sujeitaram o Irão ao seu terrorismo económico, realizaram ações clandestinas contra nós e agora estão a invadir o nosso território", reforçou.
Antes dos drones, os petroleiros
Dias antes de o drone americano se ter tornado o foco das tensões entre os dois países, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acusou o Irão de ser "responsável" pelos ataques de contra petroleiros no mar de Omã, após anteriores incidentes com quatro navios, incluindo três petroleiros, ao largo dos Emirados Árabes Unidos. Há apenas dois dias, os EUA decidiram enviar cerca de mil militares suplementares para o Médio Oriente em contexto de tensões acrescidas com o Irão, anunciou o chefe do Pentágono, Patrick Shanahan.
A crispação entre os Estados Unidos e o Irão aumentou desde que o Presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos, há um ano, do acordo nuclear internacional assinado, em 2015, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China (mais a Alemanha) – e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.