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Trabalhadores sem salários há 57 meses pedem intervenção do presidente de Angola

Algumas dezenas de trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola (ENPA) marcharam na tarde deste sábado, em Luanda, protestando pelos 57 meses de salários em atraso e pediram a intervenção do presidente angolano na resolução da situação.

João Lourenço, presidente de Angola.
18 de Agosto de 2018 às 19:57
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"Tristeza, trabalhadores da empresa de pontes 57 meses sem salários", "o sofrimento continua", "pedimos ajuda do senhor Presidente da República e à sociedade em geral" ou ainda "socorro, estamos a morrer" eram as frases estampadas nos cartazes exibidos por algumas dezenas de trabalhadores da Empresa Nacional de Pontes de Angola (ENPA), que marcharam na tarde deste sábado, em Luanda, protestando pelos cinco anos de salários em atraso e pediram a intervenção do presidente angolano na resolução da situação.

 

Promovida pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a marcha de protesto contra o não-pagamento de salários há quase cinco anos partiu do largo do cemitério da Santa Ana e terminou no Largo das Escolas, centro de Luanda, e contou com a protecção da polícia angolana.

 

"Para nós, cujos esposos não trabalham, estamos a sobrevier, muitos filhos não estudam por falta de condições e não há meios para nos sustentarmos", contou à Lusa Lurdes Narciso.

 

"Esperava uma reforma, porque já ultrapassei os 35 anos de serviço, mas não posso ir para a reforma porque a empresa não pagou os impostos na segurança social", acrescentou.

 

Para a funcionária, de 58 anos, a situação pela qual passam os cerca de 400 trabalhadores daquela empresa pública é "desumana", pedindo por isso a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço.

 

"Estamos aqui a pedir às pessoas de direito que resolvam o nosso assunto o mais rápido possível, porque os filhos deles estão a estudar e eles não estão a sofrer como nós estamos a sofrer. Isso é desumano, não pode ser. Queremos mesmo que o Presidente João Lourenço olhe para o nosso caso", atirou.

 

Clamores também foram manifestados por Teresa Manuel Gunga, de 60 anos, que diz estar a sobreviver graças à boa vontade de familiares.

 

"Não tenho dinheiro, sou viúva, para comer dependo da boa vontade da minha irmã, para sustentar as crianças não tenho comida", afirmou.

 

No final da marcha, o 1.º secretário da comissão sindical da empresa estatal, Mateus Alberto Muanza, procedeu à leitura da "Declaração da Marcha", clamando pela "intervenção urgente" do Presidente de Angola.

 

"Neste contexto, face à nossa situação, exortamos o Presidente da República, como chefe do executivo, a intervir de forma urgente e rever esta situação que está a acontecer na Empresa Nacional de Pontes", observou, sublinhando que os trabalhadores já endereçaram cartas ao chefe de Estado e outras entidades oficiais do país.

 

"Mas, infelizmente, até hoje não obtivemos qualquer resposta", lamentou.

 

Por sua vez, o secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto, referiu que, depois da marcha realizada hoje, a central sindical vai dar outros passos no sentido de ver solucionada a situação dos atrasados.

 

"O que prevalece é esta marcha ter saído [para a rua]. Queremos acreditar que este é o primeiro de muitos passos que daremos e de alguns que estão já em marcha, para que, pelo menos, os salários dos trabalhadores sejam pagos", sustentou.

 

"Mesmo que não seja na sua totalidade, mas que se definam prazos para o pagamento paulatino", concluiu.

 

No início deste mês, o ministro da Construção e Obras Públicas de Angola, Manuel Tavares de Almeida, anunciou que a empresa estatal de pontes vai ser privatizada, e sem avançar um horizonte, garantiu apenas que decorriam trabalhos para "relançar a firma e liquidar os atrasados".

 

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