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Simples tweets podem revelar saúde económica de um país

Apurv Jain usou alguns dados não convencionais para prever o rumo da taxa de emprego dos EUA: 1,2 mil milhões de tweets e 830 milhões de pesquisas na internet.

Reuters
30 de Março de 2019 às 17:00
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Como analista da Microsoft em 2014, Apurv Jain inspirou-se num comentário da ex-presidente do Reserva Federal, Janet Yellen, de que as condições do mercado de trabalho poderiam estar piores do que as estatísticas oficiais indicavam. Então começou à procura de fontes não oficiais.

 

Jain analisou os tweets de 230.000 utilizadores do Twitter que perderam ou conseguiram trabalho para entender o sentimento por detrás dos números. Também descobriu que vasculhar seis anos de pesquisas na internet lhe permitiu prever alterações num dos indicadores mais importantes do mundo: o relatório mensal do Departamento de Trabalho dos EUA sobre dados do mercado de trabalho.

 

Tudo faz parte de um mundo que cresce rapidamente: o dos dados alternativos, que "conseguem fornecer detalhes sobre a narrativa económica do nosso país que os dados existentes do governo simplesmente não conseguem", afirmou Jain, de 41 anos, que atualmente é analista convidado na Faculdade de Administração de Harvard. Jain apresentou as suas descobertas numa conferência em Nova Iorque sobre inteligência artificial e ciência de dados no trading.

 

Há anos os grandes bancos, hedge funds e outros agentes financeiros têm corrido para recolher e analisar todos os tipos de dados estatísticos a fim de obter vantagem nos mercados. Agora a concorrência está a aumentar: os gastos no campo excederão sete mil milhões de dólares no próximo ano, em comparação com 4,3 mil milhões em 2017, segundo estimativas da consultora do setor financeiro Opimas.

 

Os fornecedores também estão a proliferar e já são mais de 400, de acordo com o grupo do setor AlternativeData.org. Um dos participantes do evento em Nova Iorque foi Thasos Group, que vende análises de localização de telefones móveis para hedge funds que monitorizam a saúde de redes de retalho e shoppings.

 

"Os shoppings acabaram por tornar-se um bom indicador para as vendas no retalho", disse o fundador Greg Skibiski, que observou que a informação previu a queda inesperada de dezembro, para o valor mais baixo em nove anos, e a recuperação de janeiro.

 

Fidelity Investments, Point72 Asset Management e Neuberger Berman estão entre as gestoras de recursos que compram dados alternativos e empregam cientistas de dados e quantitativos com o intuito de obter vantagem na previsão de movimentos do mercado.

 

Longe de Wall Street, as autoridades em Washington tentam acompanhar o ritmo. Historicamente, as agências governamentais dependeram de pesquisas com empresas e famílias para elaborar indicadores importantes. Mas algumas "não gostam de preencher pesquisas", disse Jain. "Então, simplesmente não respondem."

 

Fontes complementares

Outras fontes podem complementar os relatórios oficiais, que continuam a ser a base da medição económica, embora as novas informações precisem de ser cuidadosamente verificadas para garantir a continuidade.

 

"Os métodos tradicionais para recolher dados de empresas e famílias enfrentam desafios crescentes", segundo um relatório de coautoria do vice-diretor do Departamento de Censos dos EUA, Ron Jarmin, apresentado numa reunião do Escritório Nacional de Pesquisa Económica. "Alguns destes desafios são a queda das taxas de resposta para estudos, os custos crescentes dos modos tradicionais de recolha de dados e a dificuldade de acompanhar as rápidas mudanças na economia. A digitalização de praticamente todas as transações do mercado oferece o potencial de reelaborar os principais indicadores económicos nacionais."

 

(Texto original: The Health of a Country’s Economy Is Hiding in Plain Tweets)

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