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Rússia responsabiliza ocidente pela situação na Ucrânia
Mesmo não reconhecendo qualquer envolvimento directo na guerra civil ucraniana, o ministro russo da Defesa garante que a tentativa dos Estados Unidos e dos seus aliados de colocar Kiev na sua órbita de influência não poderia “passar em branco”. No entanto, Putin prontificou-se a reiterar que “não há tropas russas na Ucrânia”.
O ministro russo da Defesa, Sergey Shoygu, acusou esta quinta-feira, 16 de Abril, os Estados Unidos e os seus aliados pela actual situação que se vive na Ucrânia. Em declarações proferidas no âmbito da conferência anual de segurança, em Moscovo, e citado pela agência Reuters, Shoygu culpou os Estados Unidos e os seus aliados "de terem ultrapassado todas as linhas possíveis na sua intenção de trazer Kiev para a sua órbita".
"Isso não poderia passar em branco", atirou o governante que considera que "a [situação na] Ucrânia é a maior tragédia de todas as revoluções coloridas".
A narrativa do Kremlin, desde a queda do antigo presidente pró-russo Viktor Yanukovych em Fevereiro do ano passado, na sequência dos protestos na Praça da Independência, em Kiev, foi sempre a de que se tratara de um movimento fascista que derrubou ilegitimamente um governo e um presidente eleitos democraticamente e de acordo com as regas previstas pela Constituição ucraniana.
A Rússia também acusou então o ocidente de colaborar e legitimar a chegada ao poder de partidos fascistas. Como tal, não é surpresa que Sergey Shoygu venha esta quinta-feira insistir na ideia de que os combates no Donbass, zona oriental da Ucrânia, que já mataram mais de seis mil pessoas desde Abril de 2014, são responsabilidade ocidental. Devido à tentativa de colocar sob a sua esfera de influência uma população russófila que não sente qualquer afinidade com a Europa.
"Quantos mais mortos serão necessários para forçar os ucranianos do leste a sentirem-se europeus?", questionou em tom de acusação. A eleição do presidente Petro Poroshenko e as eleições legislativas de Outubro passado confirmaram a vitória de forças pró-europeias, que têm como objectivo último a adesão à União Europeia e à NATO. Algo inaceitável para Moscovo.
O Presidente Vladimir Putin voltou esta quinta-feira a assegurar que "não há tropas russas na Ucrânia" e acusou as autoridades de Kiev de de estarem a "bloquear economicamente" a região do Donbass, assim responsabilizando também Poroshenko pela guerra civil que se arrasta há já mais de um ano no leste ucraniano.