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Putin cria amnistia para dinheiro russo que regresse ao país

O presidente russo vai criar um regime de amnistia para os capitais russos que estejam colocados fora do país, nomeadamente em offshores. Os russos que adiram não serão acusados de fraude fiscal. Portugal promoveu três iniciativas semelhantes.

Reuters
04 de Dezembro de 2014 às 10:59
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Vladimir Putin anunciou esta quinta-feira, no discurso do Estado da Nação perante a Assembleia Federal, que vai criar uma amnistia para o dinheiro russo colocado em paraísos fiscais que regresse ao país. "Proponho uma amnistia total aos capitais que regressem à Rússia", declarou o presidente russo, esta manhã. "Os capitais que forem repatriados para a Rússia não devem ser objecto de penalização por parte das autoridades fiscais e policiais", acrescentou Putin, citado pela Reuters.

 

De acordo com o líder do maior país do mundo, o dinheiro colocado em paraísos fiscais, como offshores, é um problema sério. "Vamos virar essa página da história. Faça-se uma vez, mas faça-se bem", assinalou, em referência à amnistia, citado pelo Russian Today (RT). "O lugar mais seguro para o vosso dinheiro é a Rússia", declarou ainda Putin, numa aparente referência aos empresários e milionários do país que colocaram dinheiro, por exemplo, em bancos do Chipre.

 

A amnistia ocorrerá, portanto, uma única vez e a taxa a aplicar será, assim, de 0%. Os responsáveis russos prevêem que a saída de capitais atinja este ano 100 mil milhões de dólares (81,2 mil milhões de euros), e o país enfrenta uma possível recessão e a desvalorização do rublo face ao dólar. Algo que Putin atribui a "especuladores". Aí, o Banco Central da Rússia vai ter de intervir. "As autoridades sabem quem são esses especuladores e os instrumentos que podemos usar para os influenciar".

 

Ainda em sede de impostos, Putin propõe "congelar as actuais condições fiscais e não as mudar durante os próximos quatro anos".

 

Portugal também promoveu o regresso de capitais no estrangeiro

 

Portugal adoptou três modelos semelhantes para incentivar o regresso de capitais, todos designados de Regime Extraordinário de Regularização Tributária. Porém, estas iniciativas tinham uma diferença fundamental: era sempre aplicada uma taxa, embora substancialmente mais baixa do que aquela que teria de ser paga numa situação normal.

 

O primeiro RERT foi criado em 2005 e o segundo em 2010, portanto, ambos no anterior Governo. Estes dois mecanismos obrigavam ao pagamento de uma taxa de 5% sobre o valor a repatriar, ficando este montante livre de processos de infracção fiscal. No primeiro RERT, entraram 860 milhões de euros em Portugal, o que rendeu 43,4 milhões aos cofres do Estado. O segundo RERT, em 2010, manteve a mesma taxa de 5% e captou 1.600 milhões de euros, o que rendeu 82,8 milhões de euros ao Estado.

 

Nesta segunda operação, mil milhões de euros provieram unicamente da Suíça. E tal como o Negócios noticiou, só um contribuinte trouxe para Portugal 28 milhões de euros de uma vez.

 

Sócrates terá beneficiado do regime de regularização tributária

 

Segundo o jornal Sol, o ex-primeiro-ministro José Sócrates terá beneficiado deste regime de excepção em 2010, tendo transferido, através do seu amigo e alegado testa-de-ferro Carlos Santos Silva (igualmente preso preventivamente) cerca de 20 milhões de euros para Portugal, dinheiro que estava numa conta do banco suíço UBS. A operação terá tido um custo de um milhão de euros e o dinheiro terá sido colocado no BES.

 

Em 2012, o actual Governo lançou uma nova regularização de capitais, com uma diferença fundamental: o dinheiro não tinha de ser enviado para Portugal, podendo continuar no estrangeiro. Em compensação, a taxa de imposto subia para 7,5%. O montante que foi regularizado foi, por causa disso, bem superior: 3.400 milhões de euros, o que rendeu 258,4 milhões de euros aos cofres do Estado. Ricardo Salgado assumiu ter aderido a este mecanismo para regularizar capitais.

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