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Putin ameaça cortar abastecimento de gás à Ucrânia
A avultada dívida que Kiev mantém com a Gazprom poderá levar a empresa pública a interromper o fornecimento energético à Ucrânia. A Europa poderia ver afectado o fluxo de gás natural cuja passagem pela Ucrânia ainda é, em muitos casos, indispensável.
Esta quinta-feira o Kremlin voltou a jogar a carta da dependência energética da Ucrânia face a Moscovo. Apesar das promessas de ajuda energética dadas pela Europa e pelos Estados Unidos, Kiev não dispõe de jogo capaz de contrariar a cartada russa e pode estar na iminência de enfrentar uma interrupção no fornecimento de gás natural, nos próximos dias, caso não regularize os pagamentos em falta à empresa pública russa Gazprom.
Numa carta, citada pelo “Financial Times”, enviada aos líderes europeus, o Presidente da Rússia Vladimir Putin, avisou que a energética Gazprom dispõe do direito de obrigar a Ucrânia a pagar o fornecimento de gás antecipadamente e “no caso de acontecer nova violação das condições de pagamento, [a Gazprom] cessará parcial ou completamente o abastecimento de gás”.
O atraso no pagamento por parte das autoridades de Kiev criou uma “situação crítica”, nas palavras de Putin. A Gazprom refere que permanecem em dívida cerca de 1,4 mil milhões de euros. No início do mês a empresa estatal russa removeu o desconto atribuído a Kiev no fornecimento de gás, na sequência da aproximação da política ucraniana aos interesses russos durante o mandato do ex-Presidente Viktor Yanukovych.
A Europa também pode sofrer com estes cortes na medida em que depende, em cerca de um terço, do fornecimento de gás russo. Todavia, apesar das recentes ameaças, de acordo com a “BBC”, Putin estará na disposição de “participar num esforço para estabilizar e reabilitar a economia ucraniana”, desde que esse esforço seja feito em “termos mútuos”, concretizou o Presidente russo.
É possível que este seja um dos temas das conversas entre a Ucrânia, a Rússia, os Estados Unidos e a Europa que deverá ocorrer na próxima semana como forma de se tentar ultrapassar o impasse na região leste ucraniana. Na zona de Donekst diversos edíficos governamentais permanecem ocupados por manifestantes pró-russos que pretendem, à imagem do que sucedeu na região da Crimeia, a realização de um referendo onde seja questionada a vontade popular de secessão da Ucrânia e subsequente adesão à Rússia.