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O mundo vai ficar mais perigoso em 2018?

O tabuleiro geopolítico mundial continuará a ter no Médio Oriente e na península coreana focos de ameaças. Mas o reformismo interno na Arábia Saudita e as eleições italianas serão focos de apreensão com consequências desconhecidas.

Com Trump na presidência, os analistas têm agora de analisar também os riscos que Washington representa para o mundo. Yuri Gripas/Reuters
29 de Dezembro de 2017 às 15:00
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Não é difícil prever que em 2018 o Médio Oriente continue a ser o foco de maior instabilidade no globo. E de incerteza, agravada pelo novo papel dos Estados Unidos no mundo e respectivas decisões.

Porque como escreve a revista americana The Atlantic, durante anos o "think tank" Conselho de Relações Externas tentava antecipar as maiores ameaças que o ano vindouro traria para os Estados Unidos. Agora, com Donald Trump presidente, tem também de analisar os riscos que Washington representa para o mundo.

Mas além da Síria, do Afeganistão ou do reacendido conflito israelo-palestiniano (após Trump ter reconhecido Jerusalém como capital de Israel), no Médio Oriente é determinante olhar para a transição de poder em curso na Arábia Saudita. A passagem de testemunho do rei Salman para o filho Mohammad bin Salman e as purgas promovidas por este no coração do poder saudita têm consequências imprevisíveis. Bernardo Pires de Lima mostra-se "preocupado" com a pressão provocada por este "reformismo interno" e lembra que Riade "é um elemento perigoso" na geopolítica regional e também mundial.

Este investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) lembra que nas últimas semanas foram disparados, a partir do Iémen (onde Riade e Teerão guerreiam por procuração), dois mísseis que sobrevoaram a Arábia Saudita. Pires de Lima nota que a posição de Trump sobre o Irão (pôs em causa o acordo sobre o nuclear iraniano) deixa Teerão à solta na região, o que pode agravar o "nível de tensão" com Riade.

Ainda com Trump no centro das atenções, a escalada retórica entre o presidente americano e o líder norte-coreano Kim Jong-un também deverá continuar a desestabilizar a península coreana.

A incerteza em Itália

O regresso da tradicional instabilidade política italiana é também um factor de risco para o tabuleiro geopolítico mundial e para o peso da Europa no mundo.

Com eleições previstas para o primeiro semestre de 2018, o anti-sistema e eurocéptico Movimento 5 Estrelas lidera as sondagens. Uma vitória da força de Beppe Grillo "pode colocar em causa as reformas na União Europeia e na Zona Euro que estão a ser lideradas pela França e pela Alemanha", avisa o investigador do IPRI. E afastar empresas como aconteceu na Catalunha.

Depois do optimismo gerado pela eleição de Emmanuel Macron como presidente francês, a dificuldade para formar governo na Alemanha, a crise catalã e potencial efeito de alastramento para a governabilidade da Espanha, e a antecipada crise política em Itália, podem "deixar três das quatro maiores economias do euro sem governo", teme Bernardo Pires de Lima. O que aliado às dificuldades nas negociações para o Brexit e à inexistência de mecanismos na Zona Euro capazes de salvar uma economia como a italiana, adensa a nebulosa que em 2018 vai pairar sobre a Europa.

Riscos em 2018

A permanente mutação da política externa faz com que 2018 tenha focos de instabilidade que não existiam em 2017. Mas há alguns que se mantêm.

Médio Oriente
A Síria pode ter um período de alguma estabilização. No Afeganistão poderão agravar-se os confrontos entre tropas afegãs (treinadas pelos EUA-NATO) e forças taliban e afiliados do Daesh. A pressão exercida por países sunitas sobre o Hamas e o Qatar pode aumentar, dificultando ainda mais a criação de um Estado na Palestina.

Irão-Arábia Saudita
Se tiver provimento a intenção de Donald Trump repudiar o acordo sobre o nuclear iraniano, a tensão entre o xiita Irão e a sunita Arábia Saudita tenderá a agravar-se, havendo o risco de um confronto directo ou de reforço das guerras por procuração em países como o Iémen.

Coreia do Norte
O regime de Pyongyang dificilmente abandonará a intenção de alcançar a capacidade para disparar mísseis balísticos de longo alcance com ogivas nucleares. O Japão vai reforçar a capacidade militar.

Europa e Zona Euro
Uma crise política em Itália pode fazer perigar as necessárias reformas da União Europeia e da Zona Euro, diminuindo ainda mais força da Europa. 

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