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Mnuchin admite atrasos na reforma fiscal após fracasso na substituição do Obamacare
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos reconhece que a apresentação da prometida reforma fiscal prometida por Trump não acontecerá antes de Agosto. Atraso deve-se ao falhanço na revogação do Obamacare.
O plano relativo à ampla reforma fiscal prometida por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, continua a ser elaborado, admite o secretário do Tesouro norte-americano.
Em entrevista ao Financial Times, publicada esta segunda-feira, 17 de Abril, Steven Mnuchin admite que o plano de grandes cortes fiscais, tanto na carga sobre as famílias como sobre as empresas, deverá ainda demorar depois dos contratempos que a administração americana enfrentou ao não conseguir sequer levar a votação a reforma ao sistema de saúde.
O antigo banqueiro do Goldman Sachs disse ao jornal britânico que a intenção de fazer passar a reforma fiscal no Congresso antes de Agosto é "pouco realista nesta altura", com Mnuchin a considerar que esse objectivo assentava já num calendário "altamente agressivo".
O líder do Tesouro reconhece ainda ser "justo dizer que será provavelmente um pouco adiado devido ao sistema de saúde". Ainda assim, Mnuchin acredita que a prometida e aguardada reforça fiscal estará pronta ainda em 2017.
No entanto, as afirmações feitas ao FT denunciam as dificuldades da administração americana em promover as reformas prometidas, não só a reforma fiscal mas também a revogação e substituição do Obamacare.
No final de Março, o presidente dos Estados Unidos foi obrigado a retirar do Congresso o plano (Trumpcare) para reformar o sistema de cuidados de saúde, isto um dia depois de ter adiado a votação do mesmo. Donald Trump não conseguiu reunir o apoio dos congressistas republicanos necessário à aprovação do Trumpcare, isto apesar de o Partido Republicano beneficiar de uma aparente situação confortável tendo maioria em ambas as câmaras do Congresso.
Este fiasco teve como efeito imediato um arrastamento de pessimismo em Wall Street, que assim inverteu a tendência de fortes ganhos – que permitiu a renovação por diversas vezes de novos recordes - que se prolongava desde a vitória de Trump nas presidenciais de 8 de Novembro.
Desde então tem-se reforçado a desconfiança dos investidores relativamente à capacidade da equipa liderada por Trump para promover o ambicioso plano económico assente em cortes fiscais e num grande aumento do investimento público, especialmente em grandes infra-estruturas.
Ainda no mesmo dia 24 de Março em que a Casa Branca se viu obrigada a fazer regressar o plano para repelir o Obamacare, Donald Trump tratou de passar uma mensagem de confiança afiançando que a sua administração iria agora concentrar esforços na próxima prioridade: a reforma fiscal.
President Trump says tax reform is the next item on his agenda https://t.co/dLNduSPgl6
— CNN Politics (@CNNPolitics) 24 de março de 2017
Porém, as dificuldades de Trump nas negociações com o Congresso, Câmara dos Representantes e Senado, republicanos e democratas incluídos – como ficou patente, por exemplo, na questão relacionada com a nomeação do juiz Neil Gorsuch para o Supremo Tribunal – terão agora levado Steven Mnuchin a admitir como sendo já quase certo que a reforma fiscal só acontecerá depois do Verão.
O FT escreve que a administração americana tem sentido dificuldades em negociar com o Partido Republicano as medidas que possibilitem tornar o sistema de impostos dos Estados Unidos mais simples e competitivo, ressaltando como ponto de grande fricção um imposto aduaneiro sobre as importações que isente as exportações.
Mnuchin rejeita possibilidade de guerra cambial
Na entrevista ao FT, o secretário do Tesouro frisou que não existem razões para receios quanto à promoção, por Washington, de uma guerra cambial, isto depois de ainda na semana passada Trump ter novamente insistido na ideia de que o dólar está demasiado forte, considerando tal realidade como negativa para a maior economia mundial.
Mnuchin afiança que os Estados Unidos não interferirão nos mercados cambiais. Sobre as declarações de Trump, garante que "o presidente estava a fazer um comentário factual acerca da robustez do dólar no curto prazo". Mas existe "uma grande diferença entre falar e agir", notou.